por Débora Bergamasco

Assim que for afastada na quinta-feira 12, atos da presidente Dilma Rousseff passarão por uma devassa em várias áreas. Há uma expectativa de que a nova diretoria da Petrobras possa fornecer respostas diferentes sobre a responsabilização nos maus negócios fechados pela empresa no período em que a petista e o ex-ministro Guido Mantega presidiram o conselho da estatal e Sergio Gabrielli e Graça Foster comandaram a companhia. Futuros integrantes do governo Michel Temer falam até em reparação financeira.

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Flores em você
Para qualquer destino que viaja, Dilma Rousseff costuma ser recebida em seu quarto de hotel com um vaso de orquídeas. Até isso deve passar pela inspeção da nova equipe. Pode parecer bobagem, mas faz parte de uma estratégia de desconstrução de imagem.

Desconstruindo
Opositores da presidente Dilma acreditam que o mito de que ela era uma “gerentona” eficiente já caiu por terra durante o seu mandato e meio. A ideia agora é abalar a aura de que ela é austera e intolerante com desperdícios de dinheiro público.

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Antes só
Ao contrário do que aconteceu nas últimas eleições municipais, o pleito deste ano deve ser tranquilo para Dilma. Um importante prefeito que disputará reeleição disse a interlocutores não saber de um candidato do PT que a queira em seu palanque.

Rebordosa
O futuro ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que já sonhou em ser candidato à Presidência, hoje está conformado com o fato de que seu dia não chegará tão cedo. Avalia que o “efeito Dilma” macula as pretensões de presidenciáveis com perfil tecnocrata.

O que acham?
O ministro Teori Zavascki, do STF, só decidiu na noite de quarta-feira 4 pelo afastamento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, porque foi quando conversou com todos os magistrados e concluiu que a maioria era favorável à decisão contra o parlamentar.

Que se entendam
Parlamentares que conversaram com os ministros do Supremo acreditam ser muito difícil os magistrados tomarem decisões que culminem na perda de mandato do deputado Eduardo Cunha. Deixarão para a Câmara essa missão temendo interferência entre poderes.

Azeitando relações
Boa notícia aos negociadores brasileiros que tentam selar acordo com o México. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) propôs que o Brasil acabe com as barreiras tarifárias às importações mexicanas para 90% do comércio bilateral e zere a tarifa de importação. Recomendará ainda que o país inclua no acordo as mesmas regras que os mexicanos assinaram com os EUA na Parceria Transpacífico. Entre as regras está a liberação de mercadorias nos portos em, no máximo, 48 horas, e o fim da consularização de documentos. O acordo beneficiará mais de quatro mil produtos brasileiros.

Fechando portas
Caso assuma definitivamente o lugar de Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel Temer, por questões práticas e econômicas, já decidiu que vai fechar os escritórios da Presidência em Belo Horizonte e em Porto Alegre, que foram constituídos pela petista. Manterá apenas o de São Paulo, cidade onde mora nos fins de semana. Mas escolherá outro endereço.

Toma lá dá cá

Procurador do Tribunal de Contas Júlio Marcelo de Oliveira

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ISTOÉ – O sr. passou 10 horas no Senado explicando as pedaladas de Dilma. O que achou do nível do debate?
Oliveira –
Mesmo sendo apenas uma fase preliminar, foi bastante profundo, dadas as consequências que pode ter, como o afastamento da presidente. O Senado está sendo prudente em fazer uma discussão robusta.

ISTOÉ – Como se sente ao ver seu relatório sobre as pedaladas 2015 embasarem o pedido de afastamento de Dilma?
Oliveira –
Nem triste nem feliz. Apenas cumpri meu dever de apontar irregularidades perante o Tribunal de Contas.
A democracia é o império das leis. Existem violações e o ordenamento jurídico prevê essas sanções. Então, é muito natural.


Rápidas
* O vice-presidente Michel Temer foi orientado por sua equipe de segurança a mudar seu escritório pessoal que funciona hoje em uma casa em São Paulo. É lá onde ele costuma receber políticos e empresários quando está na capital paulista.

* Para a segurança, a casa é muito aberta e não possui meios suficientes para proteger um presidente da República. Temer já começou a procurar sala em prédio para instalar seu escritório particular. E manterá o que tem em sua casa.

* Michelzinho, filho de Temer com a atual mulher, Marcela, adora o Jaburu, residência oficial do vice. Aos sete anos, aproveita para andar de skate nas dependências do Palácio. Caso mude para o Alvorada, o menino terá ainda mais espaço.

* A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) reclamava na Comissão do Impeachment na quinta 5 sobre uma postagem falsa em seu nome ofendendo a população brasileira. Diante do episódio, ela pediu: “Peço que me xinguem respeitosamente”.

Retrato falado
Dilma perdeu, na última semana, um de seus mais aguerridos defensores no Congresso. O ex-presidente da OAB/RJ e deputado suplente Wadih Damous (PT-RJ) devolveu o lugar ao correligionário titular da vaga, Fabiano Horta. A ida de Damous a Brasília tinha sido possível com um acordo entre Lula e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, em 2015. Em sua despedida, porém, Damous garantiu que seguirá pressionando os senadores para tentar barrar o impeachment. Mesmo que até Dilma ache irreversível.

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Reencontro
O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Edinho Silva, que vai concorrer à prefeitura de Araraquara (interior de SP) pelo PT, terá como adversária sua ex-mulher Edna Martins, do PSDB. Eles namoraram durante a adolescência, casaram-se e tiveram um filho, mas se separaram após sete anos de relacionamento. Atualmente são amigos.

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Marcando posição
Ataques a Edinho partirão do candidato do PMDB. O petista sabe que será explorado o fato de ser citado por delatores da Lava Jato por supostamente pressionar doações para a campanha de Dilma. Mesmo sendo um pleito difícil, quer defender seu legado na cidade que governou por oito anos.

Colaborou: Mel Bleil Gallo
Fotos: José Cruz/Agência Brasil; FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO/AE; Divulgação  


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