Amostra “O Poeta Voador, Santos Dumont” é mais do que uma bem preparada coleção de réplicas do Pai da Aviação. Assinada por Gringo Cardia, a mostra propõe em cada uma de suas seções a reprodução das experiências visionárias do inventor mineiro.

Logo na entrada, balões, aviões e dirigíveis sobem e descem dentro de uma caixa de vidro sobre uma esteira com o mapa de Paris, como se sobrevoassem o rio Sena, que corta a capital francesa. A atração refaz o percurso que Dumont costumava traçar de balão na cidade onde morou. “Tentamos mostrar Paris como ele era acostumado a ver: de cima”, explica Cardia.

PIONEIRISMO Mostra expõe filme sobre a vida de Santos Dumont
PIONEIRISMO Mostra expõe filme sobre a vida de Santos Dumont (Crédito:Humberto Teski)

Ao mesmo tempo, pairam sobre as cabeças dos visitantes 60 cópias idênticas do Demoiselle, o avião mais sofisticado desenhado pelo inventor. Como o Demoiselle original, as peças medem 5,5 metros de largura e o mesmo de comprimento. A cada 10 minutos, um visitante é sorteado para experimentar a sensação de voo, que refaz a instabilidade da nave original, feita de bambu, seda e cordas de aço, com um banco de madeira. Com o auxílio de programas de edição digital, imagens aéreas de Paris ou do Rio são aplicadas ao fundo do vídeo, dando a impressão de que o visitante de fato decolou. “Hoje as pessoas entram em um avião e nem parece que saíram do chão, mas se você observar as datas e lembrar que em 1914 os aviões já eram usados como armas na I Guerra Mundial, percebe que o avanço foi absurdamente rápido”, explica Henrique Lins de Barros, consultor científico que ajudou na elaboração da mostra. Uma pista de pouso de mais de 10 metros de comprimento, com luzes e marcações similares a de aeroportos, é a atração preferida dos visitantes.

Em uma de suas extremidades, há um palanque de onde se pode arremessar aviões de papel e disputar qual deles tem a melhor aerodinâmica e vai mais longe. Cada vez que um aviãozinho pousa, o local em que ele toca o chão indica qual será o próximo vídeo projetado nas paredes.

Imagens de seus modelos originais
Imagens de seus modelos originais

Uma série de 70 vídeos contam a história de Santos Dumont (1873-1932) e explicam, por exemplo, o que permite um avião decolar, sendo mais pesado que o ar, ou como acontecem as turbulências. “Parece uma brincadeira, mas ali está o conhecimento”, frisa Cardia.

No corredor de entrada, um apanhado de notícias de época mostra a persistência do inventor, que fazia questão de realizar os testes sozinho e tornar pública a experiência mesmo quando não tinha êxito. Um dos textos conta uma curiosa história sobre um voo de dirigível que terminou em cima de uma árvore no terreno do Castelo D’eu, que pertencia à família real brasileira.

Duas salas de vídeo trazem a história do aviador, que viveu os últimos dias de sua vida deprimido pelo uso bélico da mais querida (e controversa) invenção, o avião. Santos Dumont suicidou-se durante a Revolução Constitucionalista, em 1932 logo depois de um ataque aéreo contra o Campo de Marte.

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