29/04/2016 - 19:00
por Débora Bergamasco
Enquanto Recife sofre com o triste título de capital mundial da zika e chikungunya, também amarga o 3º lugar em déficit habitacional entre as três capitais do nordeste, de acordo com o líder da oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco, Silvio Costa Filho (PRB). “Temos obras de 600 casas em três bairros carentes totalmente paralisadas.” Segundo ele, às vésperas de encerrar a gestão, o prefeito Geraldo Júlio (PSB) não cumpriu o que prometeu. Das 2.700 unidades anunciadas falta entregar cerca de 2 mil.
Lavanderia
Geraldo Júlio erra em cálculo que pode levar a desperdício. O Tribunal de Contas de Pernambuco questionou licitação para comprar 80 máquinas de lavar e 80 de secar para creches municipais por R$ 6 milhões. O TCE redimensionou a conta cortando-a pela metade e diminuiu para 32 aparelhos de cada modalidade.
Missão cumprida
Interlocutores do ex-presidente Lula dizem que após Dilma Rousseff ser afastada da Presidência pelo Senado, ele cuidará da própria defesa e, se tudo der certo, de sua eleição presidencial. Considera já ter dado sua contribuição para salvar o governo.
Missão impossível
Isso significa que Lula não pretende acompanhar Dilma em seu road-show pelo mundo dizendo ser vítima de golpe. Diplomatas levantam uma questão sobre essa ideia da petista: qual chefe de Estado vai querer comprar briga com o presidente do Brasil em exercício?
Paz…
O vice-presidente Michel Temer foi convencido por conselheiros da oposição a desistir de ficar em São Paulo ou de despachar do Palácio do Jaburu durante a semana. Foi alertado que é preciso reunir-se na Vice-Presidência, para dar sentido de normalidade.
…e amor
“Eu lembrei a Temer que o Itamar Franco fez isso. Ele ficava lá conspirando normalmente de seu gabinete na vice enquanto Collor caía. Sei disso porque eu mesmo participei das conspirações”, brincou um deputado que esteve com Temer recentemente em SP.
Reforma
A equipe de Michel Temer estuda extinguir o Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio em eventual governo do PMDB. A parte de incentivo às exportações iria para o Itamaraty. O resto, incluindo o BNDES, no Planejamento. Bom para o senador Romero Jucá (PMDB-RR), cotado para comandar a pasta.
Ventos frios
Em Curitiba, só se espera o fim do governo Dilma para pedir investigação sobre Aloizio Mercadante, da Educação, por suposta tentativa de acordo para melar a delação do senador Delcidio do Amaral. Enquanto estiver no cargo seu caso fica com o Supremo Tribunal Federal.
Não tem hora boa
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, revelou a interlocutores que deve pedir ao Supremo Tribunal Federal autorização para investigar a presidente Dilma Rousseff na semana que vem. Ele estava dividido sobre qual seria o melhor timing para fazer isso. Uma corrente defendia que ele esperasse que o Senado decidisse primeiro pelo afastamento dela, para não parecer que ele tentou fazer pressão sobre a escolha dos parlamentares. Por outro lado, há a leitura de que se ele pedir as apurações quando ela já estiver fora do poder, poderá ser ainda pior, por enterrar as chances de reação da presidente.
Só pensa naquilo…
A atuação de um procurador da República de Brasília da força tarefa da Lava Jato vem chamando a atenção de policiais federais de Curitiba (PR) também ligados à operação. Estão intrigados com sua insistência para que delatores incluam em seus depoimentos nomes de oposição ao PT. A pressão é tanta que há quem comece a tratar o procurador como suspeito.
Toma lá dá cá
LUIZ NAVARRO, MINISTRO DA CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO
ISTOÉ – Por que a empreiteira Mendes Júnior não fechou acordo de leniência? Faltou algum tipo de empenho da CGU?
Navarro – Não, a Mendes Júnior não demonstrou nenhum interesse em celebrar acordo de leniência. Não havia nada que CGU pudesse fazer.
ISTOÉ – Inidoneidade de apenas dois anos não é pena branda demais? Isso pode se tornar um estímulo a grandes empresas não devolverem dinheiro roubado?
Navarro – De jeito nenhum. A lei estabelece que o prazo não pode ser superior a dois anos. Portanto, aplicamos a pena máxima. Além disso, passados 2 anos, a empresa só é reabilitada se ressarcir a administração pelos prejuízos que causou. Assim, não há estímulo a não devolução de recursos desviados.
Rápidas
* Michel Temer ouviu atentamente a um conselho de um experiente parlamentar durante uma reunião sobre a composição da base de apoio parlamentar de seu eventual governo: não depender de partidos como PP e PSD para garantir governabilidade.
* Essas duas legendas são consideradas muito vulneráveis e, se a gestão Temer der sinais de fadiga, eles poderiam facilmente retornar para o lado de Dilma Rousseff. Por isso, seria necessária aliança com uma sigla mais rígida, como o PSB.
* Badalado operador de mercado em Wall Street avaliou à coluna que até agora não está importando muito ao mercado saber quem é Michel Temer. E sim a mensagem que dá com Henrique Meirelles e o fato de Dilma Rousseff deixar o poder.
* A Unidas, União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde, realiza um seminário nos dias 2 e 3 de maio em Brasília. Um dos temas será investimento em prevenção de doenças para diminuir internações potencialmente evitáveis.
Retrato falado
O diálogo praticado pelo vice Michel Temer passa pelo mesmo tipo de solução pensado pelo ex-presidente Lula para tentar salvar o governo Dilma: ter Henrique Meirelles na Fazenda; dialogar com empresários, como fez na quinta (28) ao receber Jorge Gerdau, que tentou ser conselheiro da petista, sem muito entrosamento; e receber incessantemente os parlamentares. Temer disse que o país e os problemas continuam os mesmos, o que muda “é a forma de resolver a equação”.
Não custa tentar
Depois da derrota na Câmara que decidiu pelo impeachment, o presidente do Senado, Renan Calheiros, sugeriu a Dilma que procurasse o líder do PMDB, senador Eunicio Oliveira (CE), para pedir que os 5 correligionários escalados pela legenda para a Comissão Especial de Impeachment fossem pró-governo, para assim, conseguir barrar o processo na comissão.
O raio dessa memória
Segundo interlocutores, nomes pró-Dilma na comissão, tipo Jader Barbalho e Roberto Requião, poderiam influenciar legendas como o PSD. Mas aí ficou clara a péssima ideia da petista em ter escolhido apoiar os irmãos Gomes e não Eunicio na disputa pelo governo do Ceará em 2014.
Fotos: Andréa Rêgo Barros/PSB; Marisa Cauduro/Folhapress; Jane de Araújo; Claudio Andrade/Divulgação