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Entidades internacionais de pesquisas revelam que, depois de 30 anos, o acidente na usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, já acumula custos de US$ 700 bilhões e alertam que o impacto ainda levará décadas para ser minimizado em termos econômicos. Os dados foram apresentados nesta terça-feira, 26, pela ONG Cruz Verde, em cooperação com o Instituto para a Saúde Global da California.

Em 26 de abril de 1986, uma explosão do reator 4 da usina controlada pela então União Soviética matou 31 pessoas, forçou a retirada de 1 milhão de habitantes da região, provocou centenas de casos de doenças e a destruição do meio ambiente local. Diante da emergência, uma cobertura sobre o reator foi construída, com concreto e aço.

Agora, estudos apontam que os prejuízos se prolongaram ao longo das décadas, incluindo a construção de medidas de proteção ao reator, os custos para desligar o restante da usina e para lidar com o impacto, de forma direta e indireta. Isso inclui desde a perda do valor das terras da região até os custos para a saúde de milhares de pessoas expostas à radiação.

Até hoje, os maiores danos foram causados para a economia da Bielo-Rússia e da Ucrânia, com perdas oficiais de US$ 235 bilhões e US$ 240 bilhões, respectivamente. Mas, segundo novas pesquisas, o valor real do impacto seria muito maior.
No total, cerca de 10 milhões de pessoas foram expostas de alguma forma à radiação, principalmente russos, ucranianos e bielo-russos; 96 cidades e vilarejos foram esvaziados.

Os custos avaliados ainda incluem compensações a pessoas que tiveram de deixar suas casas, programas sociais e médicos. O colapso de economias de cidades inteiras também levou a um êxodo em massa, além de desemprego e a quebra de centenas de empresas. Décadas depois do acidente, o estudo também aponta que "muitas das vítimas e de suas crianças jamais foram compensadas de forma suficiente".

Em termos de saúde, estudos apontam que foram os efeitos neuropsicológicos que provocaram os maiores gastos. "Esse será um custo que afetará toda uma geração e que provavelmente estará presente de forma bastante significativa na próxima geração das vítimas", apontou o estudo encomendado pela entidade dirigida pelo ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev.
Um dos impactos não calculados nas contas oficiais é o de uma verdadeira epidemia de depressão que atinge milhares de pessoas da região afetada pelo desastre nuclear.

Sarcófago. Até o final do ano, as obras para um novo sarcófago que possa cobrir a usina devem estar concluídas, depois de diversos atrasos e um custo de 2 bilhões de euros. Financiado pela União Europeia, o projeto prevê que a radição possa ser evitada por cerca de 100 anos. Com 110 metros de altura, a estrutura é a esperança das autoridades para colocar um fim à polêmica sobre como evitar novas contaminações.

Além das obras, a manutenção da usina e o monitoramento do local também têm tido custos elevados. A cada dia, cerca de 3,5 mil pessoas são levadas para o local para diversos trabalhos e, de forma regular, precisam ser transportadas para fora.

30 anos depois do acidente as estimativas ainda apontam que 95% do material contaminado sequer foi coberto ou enterrado.