15/04/2016 - 14:03
O vice-presidente Michel Temer nos últimos dias passou a ser desafiado por aliados e assessores a pensar no que dizer aos brasileiros no momento mais delicado da vida politica em tantos anos.
Dirigir-se à população num momento como esse exige cuidado, preparação, responsabilidade. Não há nada mais importante para um governante do que se comunicar com o Congresso, com a sociedade. E se comunicar direito, com clareza e equilíbrio. Era disso que se tratava esse breve discurso, esse áudio vazado.
Ser acusado de se preparar chega a ser estranho, um golpe ao bom senso. Governos eficientes são formados por pessoas previdentes, que desenham cenários e se programam para todos eles. Alguns se materializarão, outros não.
De prático: o vazamento é chato porque sempre rende discurso para o governo acusa-lo de golpista. Mas sabe o que o governo diria ser nao tivesse vazado o discurso? Que o Temer é golpista. Não mudaria nada.
A sua explicação no JN mostrou que ele é humano, não é infalível. Não tentou ser um personagem feito a presidente Dilma, que nunca erra, nunca se engana. Que fala bobagem por não se preparar. O Temer se prepara, lê, discute, ensaia, pergunta, além de não ter medo da verdade.
De mais a mais, chato é quando o vazamento revela um crápula, alguém que nos holofotes se transforma num lobo em outra pele.
Posso estar errado ou estar sendo ingênuo, mas não vejo o dano à imagem que as primeiras analises mais ácidas (Moreno e Igor Gielow) identificaram. Muito pelo contrário.
Claro que o vice- presidente precisa esperar pela votação de domingo. E o desafio dele começa, caso o impeachment passe, a partir daí.
Como montar um governo de primeira linha, com tantos interesses e desconfiancas? Com TSE e Lava-Jato, com feridos de guerra, com problemas sociais e econômicos. Com problemas politicos… etc etc etc…
Áudio de um vice-presidente se preparando pra fazer um discurso decente é muito diferente de um governista tramando contra o Estado, garantindo uma nomeação fictícia. Uma nomeação pra driblar o bom senso e a lei.
Podia não ter ocorrido, mas já que aconteceu e o vazamento revela um Michel Temer estadista, caramba, que venha "el toro". Que Deus lhe guie. Que Deus nos proteja!
* Elsinho Mouco é especialista em marketing político, responsável pelas campanhas do vice-presidente Michel Temer