A administração do perfil de Facebook da presidente Dilma Rousseff durante as eleições de 2014, quando concorria ao seu segundo mandato, será citada por Danielle Fonteles, da agência de Publicidade Pepper Interativa, em sua delação premiada. Ela falará em triangulação, contará detalhes sobre as duas empreiteiras que pagavam essa despesa e como fazia para receber o dinheiro. O Palácio do Planalto informa que não manteve contratos com a empresa em 2014. Não mesmo. Mas o Partido dos Trabalhadores sim.

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“Tinteiro”
Governistas acreditam que Dilma errou ao não “entregar” com antecedência os cargos e emendas a parlamentares fiéis. Ela se colocou em pé de igualdade ao vice Michel Temer, que só poderia entregar as promessas depois da votação do impeachment. Com isso, Dilma deixou de aproveitar seu diferencial chamado “caneta”.

Meu líder
Caso a presidente consiga sobreviver ao impeachment, tem ministro na Esplanada que só aceitará permanecer no cargo se o ex-presidente Lula assumir mesmo na prática a condução do governo. Se a condução permanecer com Dilma, “bye-bye”.

Dividindo o pão
De olho na coalizão, o vice-presidente Michel Temer já está articulando quem levará seu apoio para presidir o Senado Federal em 2017, já que não ficaria bem o PMDB ter a presidência das duas casas. O apoiado deve ser o PSDB. Mais precisamente, Aloysio Nunes (SP).

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Novas lideranças
Quando Guilherme Boulos, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, visitou a presidente Dilma Rousseff em evento no Palácio do Planalto, recebeu abraço da petista e ouviu: “Ainda vou votar em você para presidente do Brasil”.

Planos futuros
Se Dilma for salva do impeachment, a Andrade Gutierrez terá que focar em negócios fora do País. A empresa é a que mais alimenta a mágoa dos governistas. Especialmente por revelar as piores tramoias da campanha de 2014. E por não falar de outros partidos.

Curriculum Vitae
O clima em órgãos do governo é tão de fim de feira que um ministro de altíssimo escalão que habita a Esplanada há anos ligou para um ex-ministro, de quem ficou amigo, e quis saber: “Como é a vida aí fora?” Indagou também sobre os trâmites do processo de quarentena. Comissionados estão distribuindo currículos.

Uma nova história
A aposta entre juristas é que, caso Dilma sofra impeachment, o PSDB vai “desacelerar” em relação ao processo de impugnação da chapa de Dilma Rousseff e Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral. O partido, que move as ações, nega ter essa intenção.

Esperança de Temer…
Pesquisando jurisprudências de afastamento de governantes por impugnação, o TSE encontrou uma precedência que poderia ajudar a salvar o mandato de Michel Temer da cassação caso ele assuma o lugar de Dilma. Em 2006, Ottomar Pinto venceu a eleição para governador de Roraima. Sua chapa, com o vice José de Anchieta Junior, respondia a processo por abuso de poder. Mas Ottomar morreu em 2007, enquanto a ação ainda tramitava. O relator, ministro Fernando Gonçalves, ponderou que, mesmo com “o princípio da indivisibilidade da chapa única majoritária” (…), “a morte do titular da chapa impõe a interpretação de referido princípio com temperamentos”.

…para livrar-se do TSE
“Creio ser necessário ponderar que as condutas apontadas como passíveis de acarretar a perda do mandato eletivo são atribuídas pessoalmente a Ottomar de Souza Pinto e esse não tem mais como apresentar defesa nos autos. Assim (…) se impõe que sejam as questões apreciadas sob essa perspectiva”. O vice foi absolvido por unanimidade sob esse viés e por falta de provas.

Toma lá dá cá

GILMAR MENDES, MINISTRO DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

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ISTOÉ – Está em curso no Brasil algo que, em sua opinião, prejudique a democracia?
Mendes –
A despeito de todas as alegações e imputações, parece inegável dizer que as instituições estão funcionando em quadro de normalidade.

ISTOÉ – E no caso do impeachment, especificamente?
Mendes –
Veja, a regulação do processo de impeachment se deu por meio de um pedido do Partido dos Trabalhadores. O voto do ministro (do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto) Barroso, disciplinou várias decisões. Então, temos um processo submetido a um estrito controle do poder judiciário.

Rápidas
* O PRB já está sonhando com o ministério da Agricultura em um eventual governo do vice Michel Temer. Gostaria de indicar o deputado César Halum, adversário político no Tocantins da atual titular da pasta Kátia Abreu, do PMDB.

* O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), está incomodado com as sucessivas tentativas do governo em polemizar diretamente com ele, especialmente na defesa da presidente Dilma Rousseff. Ele continuará fugindo de briga.

* Parlamentares pró-impeachment avaliavam na quinta-feira 14 que a decisão do governo em recorrer ao Supremo para tentar anular o processo de impedimento da presidente soou como desespero e equivaleu a “jogar a toalha” em público.

* O clima de final de Copa do Mundo por conta da votação do impeachment da presidente Dilma na Câmara neste domingo é tão forte que lotou hotéis de Brasília. E shoppings vão fechar. Alguns se cercaram com grades, correntes e cadeados.

Retrato falado
Kim Kataguiri, do Movimento Brasil Livre pró-impeachment, está decepcionado com o excesso de rigidez do Governo do Distrito Federal que limitou o número de telões e de caminhões de som domingo na Esplanada. “A emoção mesmo vai ser em São Paulo. Vamos levar até a Carreta Furacão”, disse Kim, em tom descontraído. Trata-se de um grupo de dançarinos fantasiados de Fofão, Popeye, Mickey, Capitão América e um Palhaço que percorre Ribeirão Preto em um trenzinho cheio de crianças. É fenômeno na internet.

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Tecla SAP
A República de Curitiba “traduziu” um apelido que apareceu nas planilhas de empreiteiras. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), seria o “caranguejo” porque “pega com as duas mãos”.

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Hora do Adeus
Um fato dado como certo por integrantes do governo é que a ministra Kátia Abreu não permanecerá na pasta, seja qual for o placar do impeachment. Motivo: implodiu pontes com muita gente do governo e do PT ao mesmo tempo e não representa mais o desejo do setor.