No dia 3 de maio, a tocha olímpica será trazida ao Brasil. A partir de Brasília, percorrerá 95 cidades até chegar ao estádio do Maracanã, no dia 5 de agosto, para o início da Rio 2016. Ao longo desse percurso, o fogo olímpico levará uma mensagem de paz e união entre os povos. No entanto, estará viajando por um País em chamas.

Sim, porque dificilmente as feridas do processo de impeachment – qualquer que seja seu desfecho – serão curadas a tempo. Caso a presidente Dilma Rousseff obtenha os votos para se manter no cargo, ela será ameaçada, já no dia seguinte, pelas ações que pedem a cassação de sua chapa no Tribunal Superior Eleitoral – o que também se aplica ao vice-presidente Michel Temer. E a proposta incipiente de novas eleições, num ambiente convulsionado como o atual, colocaria a Rio 2016 em segundo plano.

Em 2009, quando o Brasil venceu a disputa para sediar os Jogos Olímpicos, pouco tempo depois de ter sido escolhido para receber a Copa de 2014, o País vivia seu melhor momento interno e despertava a inveja do mundo. De eterno país do futuro, projetava a imagem de uma nação dinâmica, que se modernizava, reduzia desigualdades e parecia imbatível – já naquele presente.

Hoje, o Brasil corre o risco de provar ao mundo seu fracasso como nação, se suas lideranças políticas e econômicas forem incapazes de construir consensos mínimos para uma coexistência pacífica. Ainda há tempo para que os interesses nacionais sejam colocados acima das ambições pessoais, mas não se veem no horizonte líderes dispostos a dialogar. Haverá um pacto olímpico no País?