Di Cavalcanti – Conquistador de Lirismos/ Galeria Almeida e Dale, SP/ até 28/5

Na década de 1950, ao voltar de uma temporada no México, Di Cavalcanti transferiu para o corpo feminino retratado em suas pinturas a estética ondulante, vibrante e colorida que apreendeu do muralismo mexicano, iniciando assim a mais conhecida fase de sua obra: as mulatas. Desde os anos 1920, porém, quando foi um dos personagens centrais da Semana de Arte Moderna de 1922, Di já tinha nas mulheres um dos grandes temas de sua obra. Mulatas, negras, brancas, ricas, pobres, morenas ou louras, nenhuma passava despercebida aos olhos atentos e afoitos desse ilustre carioca nascido em 1897 e criado no bairro de São Cristóvão.

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CRONISTA
Di pinta o cotidiano em ”Mulheres Protestando” (acima) e ”Meninas Cariocas” (abaixo)

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Trabalhando a partir dos 17 anos como caricaturista, ilustrador e cronista da vida política na imprensa carioca, foi introduzido aos encantos do submundo local pelo jornalista João do Rio, autor do clássico “A Alma Encantadora das Ruas”. Foram os anos jornalísticos, portanto, que forjaram no jovem artista seu outro grande foco: a vida cotidiana dos subúrbios, favelas, botequins, docas, bordeis e festas populares. “Di foi o primeiro a trazer para a pintura a gente dos morros, a gente dos subúrbios, onde nasceu o samba”, escreveria o crítico Mario Pedrosa no “Jornal do Brasil”, em 1957.

Sua obra ganha especial potência quando seus dois focos de atenção – a mulheres e a crônica de rua – se sobrepõem. Assim, o mesmo pintor que representou a Vênus na forma roliça de uma jovem mulata, em 1938, registra uma agitação (feminista?) de rua, na tela “Mulheres Protestando”, de 1941; ou comerciantes de peixe no cais do porto, em “Pescadores”, de 1946. A mulher trabalhadora e ativista pode ser conferida em diversas obras na exposição “Di Cavalcanti – Conquistador de Lirismos”, em cartaz na galeria Almeida e Dale, em São Paulo. Sua curadora, Denise Mattar, também organiza um livro de mesmo título, com imagens de 200 obras e textos de diversos autores, a ser lançado durante a SP-Arte (Editora Capivara, 135 págs., R$ 160).

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A exposição dá sequência a uma série de mostras institucionais – sem obras à venda – que traz a público tesouros de grandes artistas brasileiros, pertencentes a coleções particulares, normalmente inacessíveis. Anteriormente foram expostos Fernando Botero, Aldo Bonadei, Alfredo Volpi, Guignard, Willys de Castro, Candido Portinari e Ismael Nery.  


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