Pela primeira vez, o Banco Central reconheceu que a inflação deste ano vai estourar o teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 6,5%. Segundo o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira, o IPCA de 2016 ficará em 6,6%, e não mais em 6,2% como constava do documento de dezembro, pelo cenário de referência. No cenário de mercado, a taxa projetada passou de 6,3% para 6,9%.

Se a projeção se confirmar, será o segundo ano seguido em que o teto da meta será superado, o que obriga o presidente do BC a se explicar em carta aberta. Em 2015, o IPCA ficou em 10,67%, o maior porcentual desde 2002. Desde 1999, os presidentes do BC tiveram de redigir esta explicação, encaminhada ao ministro da Fazenda, em quatro ocasiões: 2001, 2002, 2003 e 2015.

A nova previsão vem mais alta, apesar de o BC ter a expectativa de uma inflação menor nos próximos meses, se apoiando em um processo de grande desinflação, em especial dos preços administrados. A valorização do câmbio também tem indicado no início deste ano que pode colaborar com esse cenário. Para o primeiro trimestre do ano, o IPCA acumulado em 12 meses deve ter alta de 9,5%, segundo o RTI. No segundo, a taxa projetada pelo BC é de 8,7% e, no terceiro, de 8,0%.

No cenário de mercado, a expectativa do BC é que o IPCA de 12 meses fique em 9,5% ao final do primeiro trimestre, passe para 8,7% no segundo e atinja 8,1% no terceiro, encerrando 2016 em 6,9%.

No último Relatório de Mercado Focus, a mediana das previsões do mercado para o IPCA de 2016 caiu para 7,31%. Apesar de o levantamento ter mostrado a terceira semana consecutiva de queda das estimativas dos analistas do setor privado, a taxa ainda está acima do teto da meta para o ano.