O certificado do curso superior está nas mãos e surge a angústia: “Será que estou realmente preparado para o mercado de trabalho apenas com uma graduação?” O professor Marco Antônio Quége, coordenador-geral de Certificates e de Educação Executiva do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais de São Paulo (Ibmec), acompanha com atenção há anos esse “transe coletivo” que recai sobre recém-formados, teoricamente “empurrados” a saber mais e mais teorias – o que envolve dinheiro e tempo. “O mercado não contrata diploma”, diz. Isso não quer dizer que obter conhecimento não é fundamental para a construção de uma carreira bem-sucedida. O importante é ter calma para descobrir qual é a escolha. “Um jovem de 25 anos tem tempo para isso e pode até, antes de tomar sua decisão, pegar sua mochila e viajar”, sugere. Não existe melhor forma de aperfeiçoar o domínio de outro idioma do que viver no próprio país onde ele é a língua oficial de seus habitantes. A partir dos 35 anos, já não é possível dar tanta chance para o erro.

Papel importante cabe aos pais. Na verdade, é um papel em branco que indica o conselho: “O melhor a fazer é não dar palpite – apenas aliviar a tensão”. Professores afirmam que, por conta própria, o graduado descobre o que pretende fazer. Sem urgência. Ao jovem que acaba de se formar em engenharia e acredita que estaria bem no setor financeiro, por exemplo, a recomendação, na maioria dos casos, é de que procure programas de curta duração, com até 400 horas, na área de finanças. Só depois de concluída a graduação é que o estudante interessado em prosseguir ou aprofundar seus estudos poderá fazer cursos de pós-graduação. Nesse caso, existem dois tipos no ensino brasileiro: a lato sensu, também chamada de especialização, e a stricto sensu. De acordo com o Dicionário Houaiss, lato é um adjetivo que vem do latim e se refere a algo de grande amplitude; não restrito; largo, extenso, extensivo. Logo, lato sensu, é o sentido amplo. O contrário, stricto sensu é algo tomado no sentido mais limitado e restrito da palavra. Esses conceitos nos ajudam a entender a natureza dos cursos de pós-graduação. O primeiro, lato sensu, se refere a uma formação mais ampla e o segundo, stricto sensu, é procurado pelo estudante que busca maior especialização e aprofundamento em torno de seus interesses acadêmicos e também uma atividade de pesquisa.

Também são considerados cursos de especialização, ou pós-graduação lato sensu, os famosos MBAs, do inglês Master in Business Administration, ou Mestrado em Administração de Negócios. Mas tais especializações não se submetem ao controle sistemático da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão do governo responsável pela avaliação dos cursos e atividades de pesquisa de nível superior no País. Os MBAs têm ainda características diversas da maioria dos demais cursos de especialização lato sensu oferecidos pelas instituições de ensino superior: são cursos pagos e quase sempre não exigem uma monografia com teses no final do curso.

Todos são cursos que visam a desenvolver e aprofundar a formação adquirida na graduação. Uma forma de se definir o rumo é fazer matérias na pós-graduação como aluno especial. Basicamente se escolhe uma disciplina que tem a ver com o tema de interesse. Depois, vale uma conversa com o professor para poder acompanhar as aulas e verificar se, até o final do curso, a luz aparece para iluminar o caminho. O aluno não é ainda pós-graduando, mas talvez consiga fazer com que a nota e a frequência sejam validadas para sua pós, quando começar a cursar. O lado ruim é que, dependendo da faculdade, paga-se para fazer a matéria.

Esse aprendizado adicional certamente será útil e trará recompensas. Isso não significa, porém, que o pós-graduado recente ganhará projeção imediata e muito dinheiro. A mesma paciência que teve para se formar com tantos títulos terá que ser resgatada ao entrar no mercado para o qual se preparou e para progredir lenta e gradualmente na área financeira. Nesse caso o maior patrimônio adquirido – o do conhecimento – não é sujeito a chuvas e tempestades, à subida e à descida da Bolsa de Valores, às mudanças de governo.