Menos de 24 horas após os atentados de Bruxelas, a polícia da Bélgica prendeu nesta quarta-feira, 23, um homem quer acreditava-se ser o comandante dos ataques que estava foragido, segundo uma emissora local. Contudo, momentos depois, a mesma rede desmentiu a informação e disse que o detido não era o suspeito. Em uma coletiva de imprensa, o procurador belga Frederic van Leeuw não mencionou a detenção de suspeitos.

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A polícia da Bélgica já identificou os três autores do ataque ao Aeroporto Internacional de Zaventem – dois deles são os homens-bomba, que deixaram pelo menos 11 pessoas mortas e dezenas feridas.

Najim Laachraui, de 24 anos e cidadania belga, foi detido nesta quarta-feira no distrito de Anderlecht, em Bruxelas, por forças especiais da polícia belga. Segundo a imprensa local, ele teria fabricado os explosivos usados nos ataques de Paris e é o homem que aparece junto aos irmãos Khalid e Ibrahim El Bakraoui, que estavam foragidos desde a terça-feira 15 após uma operação em Forest, nas imediações da capital. Os irmãos terroristas suicidas aparecem carregando carrinhos com bagagens na imagem registrada pelas câmaras de segurança do aeroporto momentos antes das explosões, segundo a emissora RTL.

Van Leeuw afirmou que Ibrahim El Bakraoui se explodiu no aeroporto, enquanto Khalid se suicidou no metrô.

A polícia havia emitido uma ordem de busca e captura contra Laachraui e havia pedido à população que desse todas as informações que tivesse sobre ele, cuja identidade ainda não foi confirmada oficialmente. A descoberta confirma os vínculos do ataque de ontem com os realizados em Paris em 13 de novembro. 

A operação desta quarta se concentrou no bairro de Schaerbeek, onde na tarde da terça 22 foi encontrada uma bomba confeccionada com parafusos, produtos químicos e uma bandeira do grupo Estado Islâmico (EI). Laachraui é suspeito não só de estar diretamente envolvido nos atentados em Bruxelas, mas também na rede que realizou os ataques de novembro em Paris, que deixaram 130 mortos.

Seu DNA foi encontrado no material explosivo utilizado na capital francesa. Os serviços secretos já estavam de olho nele, especialmente porque sabiam que ele havia viajado à Síria em fevereiro de 2013.

Em setembro, ele passou por um controle na fronteira entre a Áustria e a Hungria, no qual deu uma identidade falsa: Sufiane Kayal. Ele estava acompanhado de dois suspeitos de integrarem a rede que atacou Paris: o francês Salah Abdeslam, detido na sexta-feira 18 em Bruxelas, e o argelino Mohammed Belkaïd, morto pela polícia belga três dias antes.

Recrutamento. Laachraui vivia no bairro Schaerbeek, e foi ligado às redes jihadistas em outro processo, que a justiça belga deve ditar sentença em maio. A procuradoria pediu em fevereiro 15 anos de prisão para ele por ter recrutado vários de seus amigos para o EI.

Khalid e Ibrahim El Bakraoui já tinham antecedentes policiais antes de aderirem ao EI e seriam dois dos jihadistas que prestaram apoio durante os quatro meses de fuga de Salah Abdeslam, o único dos 10 terroristas de Paris que sobreviveu e fugiu da capital francesa. Há nove dias, os dois haviam escapado da operação de polícia que resultou na morte de Mohamed Belkaid, suspeito de ter mantido contato telefônico constante com os terroristas de Paris. Belkaid teria sido o destinatário da mensagem "Vai começar", enviada às 21h42 de 13 de novembro, instantes antes da invasão da casa de shows Bataclan, em Paris.

s três seriam membros de uma célula terrorista do EI formada por moradores ou ex-moradores de Molenbeek, o distrito de Bruxelas com maior concentração de comunidades muçulmanas. Ainda há um integrante considerado foragido: Mohamed Abrini, que teria participado da logística dos atentados na França – há imagens de circuitos internos de filmagem que mostram sua presença ao lado de Abdeslam às vésperas do crime. A polícia da Bélgica não descarta que Abrini tenha participado dos atentados de Bruxelas.

O grupo terrorista Estado Islâmico reivindicou os atentados ainda na tarde de terça-feira, indicando que seus "combatentes" seriam os autores dos ataques. O último balanço das autoridades indica 31 mortos e 220 feridos.