A Espanha realizou eleições gerais em dezembro, mas o País continua sem governo. Sem tradição de consenso político (nos últimos 40 anos, dois partidos hegemônicos se alternaram no poder), o país tem passado por uma situação inédita: nenhuma sigla tem apoio suficiente no Parlamento para governar. Por isso, os antigos líderes tiveram de sentar à mesa de negociações com os novatos do Podemos, de extrema-esquerda, e do Ciudadanos, de centro-direita. A tarefa tem sido ingrata. 

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Coalizão: Pedro Sánchez (foto), do PSOE, falhou em formar uma ampla aliança,
porque Rajoy (foto abaixo) se recusa a renunciar

 
Na sexta-feira 4, o socialista Pedro Sanchéz obteve apenas 131 votos de confiança, com a ajuda do Ciudadanos, e falhou pela segunda vez na tentativa de ser o primeiro-ministro. Sem o apoio da maioria, novas eleições devem ser convocadas para junho. Vencedor das eleições do ano passado, o Partido Popular (PP), do atual primeiro-ministro, Mariano Rajoy, quer permanecer no poder. Mas a imagem de Rajoy, desgastada por escândalos de corrupção e pela recente crise econômica, sofre com a rejeição dos eleitores e dos parlamentares. 
 
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“A solução mais lógica seria a criação de uma grande coalizão, aos moldes da alemã, com o PP, o Partido Socialista e o Ciudadanos”, disse à ISTOÉ William Chislett, pesquisador associado do Real Instituto Elcano, de Madri. “Isso formaria um governo estável e manteria o Podemos fora do poder, como esses partidos querem.” Para isso, no entanto, Rajoy teria que renunciar e o PP, até então coeso no apoio a ele, tem dado os primeiros sinais de rendição. Na quarta-feira 9, dois antigos dirigentes pediram publicamente a saída do atual premiê. 
 
Para Alberto Garre e Jaime Ignacio del Burgo, uma renovação é necessária. O problema é que, como mostram as pesquisas, se houver novas eleições, o resultado será praticamente o mesmo. “A vontade do Partido Socialista de organizar um governo, apesar das divisões internas, é uma tentativa de não ficar na irrelevância política, porque eles têm muito medo de perder espaço para o Podemos”, afirma Juan Agulló, pesquisador da Universidade Federal da Integração Latino-Americana.
 
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