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Em 30 anos, o Brasil aumentou em cerca de 20 vezes o número de bebês de até 6 meses que são amamentados exclusivamente, como preconiza a Organização Mundial da Saúde (OMS). A conclusão é de um estudo publicado pela revista científica The Lancet e divulgado nesta quarta-feira, 2, em evento na Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), em Brasília.

Cientistas analisaram dados sobre aleitamento materno em 153 países e verificaram que o Brasil cumpre todas as ações recomendadas para uma política integrada de incentivo à amamentação. No entanto, 61% das crianças de até 6 meses não são alimentadas exclusivamente com o leite da mãe. Outra preocupação do epidemiologista César Victora, um dos líderes da pesquisa, é de que os dados mais atuais sobre o tema, no País, são de 2006. "Não podemos passar dez anos sem um diagnóstico nacional completo", apelou Victora ao Ministério da Saúde, presente no evento.

Ainda assim, os resultados mostram que o Brasil evoluiu. De acordo com o estudo, se em 1986 as crianças brasileiras eram amamentadas por apenas 2,5 meses (exclusivamente ou não), em 2006 esse período passou para 14 meses. As análises mostraram que as brasileiras amamentam mais que as britânicas, as americanas e as chinesas, sendo as líderes no aleitamento de bebês de até 6 meses e de até 12 meses.

Tais conquistas levaram a Opas a reconhecer o País como "referência mundial em aleitamento materno". A publicação na The Lancet cita a regulamentação da lei da amamentação (que limita a venda de substitutos do leite), a licença-maternidade de até 6 meses, os processos de certificação e capacitação de hospitais e profissionais que incentivam a prática e a rede de bancos de leite humano em mais de 200 estabelecimentos.

Se a prática é "protegida, promovida e apoiada", diz o artigo, as mulheres são 2,5 mais propensas a amamentar. Outra conclusão do estudo é a de que perdas cognitivas associadas ao não aleitamento somam US$ 302 bilhões por ano, uma vez que crianças que não são amamentadas serão menos produtivas e inteligentes no futuro, como já comprovado em outra pesquisa de Victora, professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). 

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