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A Olimpíada do Rio sofreu um corte de R$ 900 milhões no orçamento, consequência da crise econômica do Brasil. Detalhes sobre a medida serão apresentados hoje ao Comitê Olímpico Internacional (COI), em Lausanne. Os responsáveis brasileiros pelos Jogos vão mostrar que conseguiram equilibrar os gastos com a receita, mas tiveram de abrir mão de vários projetos. O corte nos investimentos irritou dirigentes de várias modalidades que serão atingidas.

No total, R$ 7,4 bilhões serão gastos no Rio de Janeiro, sem contar as obras de infraestrutura da cidade. Para chegar a esse valor, porém, cerca de 12% dos custos inicialmente programados foram eliminados.

Os principais cortes foram realizados em instalações esportivas e na eliminação de construções temporárias. Mas outras obras foram afetadas. O Metrô, por exemplo, vai operar apenas para levar os passageiros de Ipanema para a Barra, local dos Jogos, sem parar em todas as estações. A quebra de promessas da Rio-2016 não foi bem recebida por organizações esportivas.

No Itaquerão, por exemplo, os cortes estão relacionados com as estruturas que seriam montadas para os dez jogos dos torneios de futebol. O hipismo também já deixou claro que quer garantias de que o evento, em Deodoro, não será afetado.

A arquibancada flutuante na Lagoa Rodrigo de Freitas está definitivamente descartada. Para a Federação Internacional de Remo, que contava com os Jogos para garantir sua receita, o abandono do projeto significa também um importante prejuízo financeiro. Haverá espaço para apenas 6 mil espectadores, ante um plano original desenhado para 14 mil. Em Londres, a capacidade foi de 25 mil.

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Christophe Rolland, presidente da Federação Internacional de Remo, já indicou que “entende” a crise no Brasil. Mas criticou o fato de a decisão ter sido tomada sem consultar o grupo. Segundo ele, a entidade teria opções a propor se tivesse sido informada antes.

Os responsáveis pelos esportes aquáticos também se mostraram irritados com o Rio. O Maria Lenk conta com três piscinas, mas o ideal seria ter uma a mais. As competições não devem ser afetadas. Mas o que preocupa é a agenda para os treinos de atletas de saltos, nado sincronizado e polo aquático.

PÃO DE QUEIJO
Cortes ainda foram promovidos no tratamento que os dirigentes receberão. Coquetéis foram reduzidos e, no lugar de canapés de luxo, serão servidos pão de queijo e alternativas mais baratas.

No “ranking’’ das prioridades, os atletas ficaram em primeiro lugar, com a melhor e mais variada comida. Consultores foram contratados para orientar a forma de preparação para atletas muçulmanos, orientais e de todas as regiões do mundo. Mas os dirigentes terão de se contentar com a mesma refeição do restante da força de trabalho dos organizadores.

Na quarta-feira, uma reunião já foi realizada entre os brasileiros e o COI para afinar o discurso para hoje. Um das cobranças que o Rio-2016 sofrerá é nas obras do velódromo. Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB, vai admitir que estão atrasadas, mas que ainda há como recuperar o tempo perdido.

Outro ponto delicado será o do Metrô, considerado por membros do COI como “ fundamental’’. “Sem metrô não teremos público no evento’’, alertou ao Estado o vice-presidente do COI, Craig Reedie. “Não há opção. Essa obra precisa ocorrer’’, insistiu.

Prevista para custar R$ 1 bilhão, a obra da Linha 4 conseguiu apenas uma liberação de R$ 422 milhões do BNDES. O governo do Estado tentou pressionar a presidente Dilma Rousseff para acelerar os empréstimos. Mas os valores não teriam sido transferidos.

Hoje, ainda faltam 300 metros de túnel para serem cavados e muitas das estações estão atrasadas. O resultado é que o metrô não deve estar operando para a população até agosto e deve apenas servir fazendo o trajeto entre Ipanema e Barra. Para driblar o problema, a linha não vai parar em todas as seis estações previstas.

Para o Comitê Rio, “mais importante do que o valor que foi cortado é o fato de que o Comitê tem um orçamento equilibrado e vai realizar os Jogos sem onerar a sociedade, pois não está recebendo nenhum centavo de dinheiro público’’.


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