Instalado no cargo de editor da octogenária revista americana The New Yorker, Robert Remnick, 48 anos, levou a publicação à marca de um milhão de exemplares vendidos sem alterar-lhe o aspecto sisudo e as reportagens intermináveis. Quinto editor de uma linhagem iniciada por Harold Ross, Remnick é o primeiro repórter a galgar o cobiçado posto. William Shawn, o sucessor de Ross, nunca assinou uma matéria nos 35 anos em que esteve à frente da revista, nem sequer os 21 obituários de colaboradores que escreveu. Ficou célebre ao dizer para um deles que não lhe modificara o texto. “Apenas o tornei mais seu”, disparou.

Remnick, que ganhou o Prêmio Pulitzer em 1994, vem de outro mundo. Dentro da floresta (Companhia das Letras, 576 págs., R$ 62), com posfácio de João Moreira Salles, reúne reportagens do jornalista para a New Yorker, na qual ingressou em 1992. Bastaram-lhe três páginas para descrever a decadência de Mike Tyson, um café da manhã para falar sobre a amargura do então vice-presidente dos EUA, Al Gore, ao perder para George Bush em 2000, e algumas horas para detalhar a rotina do misantropo escritor Philip Roth. Tony Blair, o primeiro-ministro britânico, foi perfilado a partir de um episódio ficcional que Remnick leu em um livro. O jornalista admite que a maior dificuldade para os repórteres de celebridades é lidar com pessoas evasivas, na esperança de que cometam um deslize. Só que tais pessoas tomam todas as providências para evitar que isso aconteça.