22/02/2016 - 15:52
A operação Acarajé, deflagrada nesta segunda-feira 22 pela Polícia Federal, tem ingredientes para transforma-la na mais explosiva das 23 fases da Lava Jato. Os personagens envolvidos já frequentavam, ainda que de forma periférica, as dezenas de processos instaurados pelo juiz Sérgio Moro e sua equipe. E muitas das suspeitas agora levantadas não são exatamente surpreendentes.
A presidente Dilma Rousseff
O que torna esse acarajé tão apimentado são os documentos que a PF diz ter recolhido e, sobretudo, o momento em que eles vêm à tona. Ao pedir a prisão do marqueteiro das últimas campanhas presidenciais do PT, sob a acusação de ter recebido recursos no exterior, de forma ilegal, a Justiça Federal de Curitiba aponta diretamente para a legalidade do mandato da presidente Dilma Rousseff no exato instante em que o Brasil aguarda uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em um processo que contesta os meios usados pelo PT para eleger sua candidata em 2014.
Se ainda não tiverem sido incluídas pelo juiz Moro no dossiê enviado ao TSE, dificilmente as novas evidências poderão ser acolhidas no julgamento já em curso. Mesmo assim, pela sua gravidade, podem influenciar em um processo que, mais do técnico, tem um enorme componente político.
Ao afirmar que Santana recebeu dinheiro direto de empresas em uma conta secreta no exterior, a Lava Jato desmonta a tese até agora utilizada em todos os argumentos de defesa dos petistas: que os recursos provenientes de empreiteiras e outros fornecedores da Petrobras, ainda que provenientes de acordos lesivos ao patrimônio público, teriam sido doados para a campanha seguindo os trâmites legais.
Agora, o financiamento por vias obscuras lança João Santana em um processo semelhante ao que resultou em condenação para outro ex-marqueteiro petista, o publicitário Duda Mendonça, no processo do Mensalão. Duda admitiu ter usado uma conta secreta para receber, por fora, parte do pagamento por seus serviços. Santana fará o mesmo?