O maior site de buscas da internet ficou ainda maior. Na semana passada, o Google comprou por US$ 1,65 bilhão o YouTube, o endereço de vídeos mais popular da rede. A aquisição, a quarta maior do setor nos últimos oito anos, já era dada como certa antes mesmo do anúncio oficial da compra. No dia 9 de outubro, a bolsa eletrônica Nasdaq registrou um salto de 2% no preço das ações do Google, que chegou a US$ 429. Um dia após, no próprio YouTube, seus co-fundadores Chad Hurley e Steven Chen aparecem anunciando a aquisição. De acordo com o vídeo, de um minuto e meio de duração, nenhum funcionário será demitido e a direção continua nas mãos dos fundadores, embora a empresa não seja mais deles. É um negócio e tanto para o YouTube, que contará agora com a potente rede de servidores do Google (os equipamentos que armazenam sites, páginas e e-mails) para continuar crescendo. Há quem diga que a falta de respeito do YouTube ao direito autoral dos conteúdos veiculados trará problemas ao Google. Mesmo assim, os analistas consultados por ISTOÉ consideram o negócio uma mina de ouro. No ano passado, o buscador já havia se dado mal ao tentar competir com o YouTube, cuja tecnologia permite baixar os vídeos em alta velocidade com muito mais rapidez. Com a compra, Larry Page e Sergey Brin, os fundadores do Google, passam a controlar 60% do tráfego de vídeo. É uma cartada certeira para quem planejava investir em anúncios direcionados a esse tipo de mídia. O que isso significa na prática? Nas páginas do YouTube em que apareça um vídeo sobre um teste com uma Ferrari, por exemplo, poderá haver um link do Google oferecendo serviços como a lista das concessionárias e postos de serviços autorizados. Evidentemente, o internauta também encontrará anúncios de estabelecimentos catalogados. “Os ganhos com publicidade serão multiplicados”, diz José Calazans, analista do Ibope. Mas, afinal, por que uma empresa de internet que nem completou um ano de vida vale mais que a Continental Airlines e a gigante dos eletrônicos LG? Segundo a especialista Patrícia Peck, foi-se o tempo em que uma companhia era avaliada simplesmente pelo seu patrimônio, faturamento ou margem de lucro. Na era da informação, a moeda é o conhecimento (ou o serviço) gerado que circula livremente em mais de 800 milhões de páginas da internet. Aí está o grande desafio. Nesse cenário, vale mais quem consegue prender a atenção do internauta, da mesma forma como no mercado tradicional vende mais quem mantém a fidelidade de seus consumidores. A Sadia é um dos exemplos. Ao perceber que perderia espaço ao anunciar produtos destinados às donas-de-casa (cada vez mais distantes da cozinha), a empresa lançou uma linha de alimentos congelados para microondas feitos com seus produtos. Foi um sucesso e a empresa continua em expansão. “Na internet é a mesma coisa”, diz Armando Dal Colleto, professor da conceituada Business School de Nova York em São Paulo. E é isso o que o Google está demonstrando ao comprar o YouTube.