O clima é de festa. Tochas iluminam a entrada enquanto DJs chamam o público para a pista de dança. Taças de prosecco e luzes coloridas completam a noite. Não fossem as obras de arte, ninguém diria que é um museu. Em muitas capitais, eles têm roubado dos bufês a preferência dos festeiros. O terraço do Museu da Casa Brasileira, em São Paulo, acomoda 450 convidados em eventos empresariais. O Museu de Arte Moderna (MAM) carioca já recebeu oito edições da Fashion Rio, shows de jazz e, em agosto, reuniu 400 convidados do governador de Minas, Aécio Neves, para a balada de 15 anos de sua filha Gabriela.

Ainda no Rio, quem quiser locar o Museu Histórico Nacional (MHN) terá de desembolsar ao menos R$ 15 mil. De casamento a lançamento de novela – o próximo ocorrerá no dia 30 –, ele promove pelo menos três eventos por mês. “Sempre quis casar em um lugar diferente”, comenta a carioca Lívia Carvalho, 26 anos. Apesar de ser um museu público, o MHN também depende da verba dos eventos. “É desse caixa que sacamos dinheiro para emergências”, explica a presidente Vera Tostes. No entanto, nem tudo são flores. O Museu Brasileiro da Escultura, o MuBE, em São Paulo, tem despertado a ira do poder público ao lançar todo tipo de produto, de carros da Volkswagen a bolsas Louis Vuitton.

A Prefeitura de São Paulo acusou a casa de “desvio de finalidade” e ameaça pedir o terreno de volta. “Fazemos eventos para angariar recursos”, conta o diretor Jorge Landman, que cobra até R$ 30 mil pelo aluguel. “O MuBE é um museu privado e tem esse direito, desde que os recursos sejam aplicados na instituição”, afirma. Mas, como fundação cultural, é preciso respeitar limitações legais para realizar eventos. Suspeitas de desvio de dinheiro levaram o Ministério Público de São Paulo a investigar os museus da Imagem e do Som e da Casa Brasileira, ligados ao governo do Estado. Por enquanto, o secretário de Cultura, João Batista de Andrade, defende as instituições. “As festas são aprovadas e os recursos conferidos em auditorias”, diz. Respeitar a lei é fundamental. E enfrentar os tribunais após tanta festança não é bom negócio.