por Débora Bergamasco

O PT vai convocar uma reorganização da tropa para defender a imagem do ex-presidente Lula metido em denúncias de usufruir de sítio e de ser supostamente dono de um tríplex não declarado, ambos  reformados por empreiteiras amigas. Avaliam que as bancadas petistas na Câmara e no Senado estão abatidas e desarticuladas. Receberão orientações de como devem sair em defesa do líder petista. A orientação será politizar o tema e insistir em dizer que são ataques de quem tem medo de Lula na eleição de 2018.

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Saída pela esquerda
As explicações do próprio Lula a pessoas de seu círculo próximo já contêm este componente. Ele diz tratar-se  de uma tentativa conjunta de desacreditá-lo porque, desse modo, é um jeito de desconstruir a esquerda brasileira como um todo. E um jeito de minar os esquerdistas como alternativa de poder.

Reorganização interna
De acordo com interlocutores, aumentou a pressão para que Lula forme uma junta de advogados e juristas experientes. Gente do entorno crê que é preciso tratar juridicamente o problema não como uma ferida, mas como um câncer, compreendendo sua gravidade.

Em campanha
O vice Michel Temer conseguiu pacificar o PMDB para se reeleger presidente de seu partido. Mas continuará priorizando viagens pelo Brasil com este propósito. Vai para BH, Belém, Vitória, Manaus, Acre… Apoio nunca é demais. Seja lá para o que for.

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Touchdown
Uma delegação de ao menos quatro profissionais do governo federal foi enviada para a final da temporada de futebol americano em Santa Clara, nos Estados Unidos. Ficarão entre os dias 3 e 7 de fevereiro para acompanhar ações de segurança do evento.

End zone
A expertise depreendida no Super Bowl 50 deve ser replicada durante as Olimpíadas. Mas em tempos de aperto fiscal, tem gente considerando a viagem uma farra. Imagine só quando souberem que animarão a festa Lady Gaga, Coldplay, Beyoncé e Bruno Mars…

Estratégia 1
Dois dos principais investigadores federais descreveram à coluna, em conversas separadas, observarem a supremacia pela escolha de uma macro estratégia na hora de defender os encrencados na operações Lava Jato, Zelotes e Acrônimo. Apostam que a banca de advogados é mais ou menos a mesma em todos os casos.

Estatégia 2
E que a defesa para clientes menos poderosos investigados nessas operações é apenas terceirizada por essas bancas. Desta maneira, a estratégia para defender o cliente menor às vezes acaba sendo prejudicada pelo bem do coletivo. Mas issonão passa de teorias para enfrentar o tacão dos togados.

Palavras de ordem
Com os avanços de operações como Lava Jato, Zelotes e Acrônimo sobre nomes poderosos, investigadores de alto escalão da Polícia Federal dizem identificar uma ação coordenada para desacreditar o trabalho dos agentes. Notam, por exemplo, o uso simultâneo da expressão “polícia medieval”, presente em discursos de políticos, blogs e redes sociais. E recordam de outras palavras de ordem usadas no passado como “espetacularização” e “policialesco” para se referir ao trabalho dos federais. Por isso, cuidados redobrados: ao cumprir mandados de busca e apreensão mais sensíveis buscam filmar a operação.

Invasão gringa
Até dezembro de 2015 foram vendidos 603 mil ingressos para as Olimpíadas. Estrangeiros pesam na conta: os americanos são os que mais compraram tíquetes, 88 mil. Os franceses adquiriram 54 mil. Alemães, 42 mil. Australianos, 41 mil. E Japão arremataram 35 mil. Ajudará ainda mais o fim da exigência de visto para turistas dos EUA, Austrália e Japão durante os jogos.

Toma lá dá cá

Vinícius Lummertz, presidente da Embratur

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ISTOÉ – O zika vírus vai impactar a presença nos jogos olímpicos?
Lummertz –
O aspecto presencial é uma fração do interesse que os jogos despertam. São bilhões de pessoas no planeta e são alguns milhares de turistas. Não cremos em queda de demanda. A não ser pontualmente de grávidas. Mas é uma situação distinta da gripe suína, por exemplo.

ISTOÉ – Por que viajar para o nordeste do Brasil é tão caro?
Lummertz –
Temos pico de preços no Natal, Réveillon e carnaval. Precisamos de reforma capitalista. Mercados não tão maduros como o nosso tendem a concentrar seus ganhos nessas datas. É preciso planejar o ano todo. E o custo Brasil é dos mais caros do mundo.

Rápidas
* Completou 50 dias, na terça-feira 2, a ocupação da Coordenação Geral de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas do Ministério da Saúde, em protesto contra a indicação do psiquiatra Valencius Wurch Duarte Filho para coordenar a área.

* Indicado pelo ministro e ex-professor Marcelo Castro, Valencius dirigiu o maior manicômio da América Latina, a Casa de Saúde Doutor Eiras de Paracambi, interditada em 2012, sob denúncias de violações de direitos humanos.

* Com o apoio de mais de 600 entidades, os ativistas preparam agora um dossiê da memória e da verdade com relatos e informações sobre o tratamento dado a pacientes do manicômio, durante seu funcionamento no Rio por mais de 70 anos.

* O grupo diz que só desocupará a sala do Ministério da Saúde se a reivindicação for acatada: a nomeação de um coordenador identificado com a política antimanicomial, como estabelecido pela última Conferência Nacional de Saúde.

Retrato falado
O presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, promotor Roberto Livianu, acredita que os acordos de leniência que estão em negociação neste momento sem a presença do Ministério Público correm ainda mais riscos jurídicos de serem questionados. Para ele, a ação do PPS no Supremo que propõe a inconstitucionalidade da Medida Provisória da Leniência piora este ambiente. Por outro lado, se o STF julgar o texto constitucional, este problema é página virada.

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Ritmo lento
O Brasil nutre fortes esperanças de que a União Europeia apronte sua proposta de acordo comercial com o Mercosul. A presidente Dilma diz que o tema é prioritário e no Itamaraty a expectativa é que a questão se desenrole ainda neste semestre. Entretanto, diplomatas europeus expressaram desânimo. Acham que as propostas não serão colocadas na mesa em 2016.

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Só pensa naquilo
Dilma elegeu o zika vírus como tema de obsessão. Onde vai quer falar sobre isso, mesmo quando o assunto é outro. Costuma se exaltar. Nesta semana, passou uma descompostura em público no secretário executivo da Saúde, Agenor Álvares, admirado técnico no ministério.

Colaborou: Mel Bleil Gallo e Marcelo Rocha
Fotos: ADRIANO MACHADO; Daniel Queiroz; IARA MORSELLI; AFP PHOTO/ANDRESSA ANHOLETE