O alemão Michael Schumacher, 37 anos, está para colocar o capacete de Fórmula 1 como uma jóia na mansão onde mora na Suíça, ao lado do lago Genebra. No domingo 22, dará adeus em São Paulo, durante o Grande Prêmio Brasil, a uma vida de “correria” que começou aos quatro anos, no kart, e o remeteu ao pódio como o maior recordista de todos os tempos da categoria mais nobre do automobilismo. Foi isso que garantiu depois de ver recentemente o espanhol Fernando Alonso encostar o dedo na taça de campeão. Seu rival está a um ponto do título deste ano.

A disputa entre os dois pilotos no circuito de Interlagos vem sendo anunciada há dias em outdoors espalhados pela cidade, preparando o espírito dos fãs para “o duelo final”. Mas Schummy, como também é conhecido, acha que será muito difícil tomar o campeonato de Alonso. Os desavisados podem pensar que é um ataque de humildade. Porém, quem o conhece jura que ele não é o campeão arrogante que se imagina no Brasil. “Aqui, ele sofre as conseqüências de superar o Ayrton Senna”, afirma o especialista em automobilismo Flávio Gomes.

A sombra de Senna de fato o persegue. O piloto da Ferrari despede-se sob o dispensável comentário do presidente da Associação dos Construtores de Fórmula 1, Bernie Ecclestone, de que a ausência do alemão será menos notada do que a do brasileiro, que morreu há 12 anos. “Senna tinha mais fãs que Schumacher e era mais carismático.” Para a imprensa européia, “com todo respeito a Senna”, é uma asneira de quem está desorientado pelo risco do esvaziamento de seu negócio.

Schumacher teve grandes momentos fora das pistas, como quando levou um vira-lata brasileiro que passeava pelo Autódromo de Interlagos, cenário da derradeira corrida, ao conforto da Suíça. O alemão que não aceita perder revelou outra vertente de sua generosidade – essa muito mais importante do que salvar o cão batizado de Flow (ou pulga, em português) – ao doar 10 milhões de euros às vítimas do tsunami, em dezembro de 2004. Foi uma contribuição maior do que a de Bill Gates.