por Débora Bergamasco

O 3º mês deste ano está sendo apelidado de “março sangrento” por investigadores da força-tarefa, em Curitiba. Planeja-se a deflagração de “grandes eventos”. Além do triplex no Guarujá que seria de Lula, a reforma de um sítio do ex-presidente também deve voltar à tona nesta época. Por que março? Tempo para amadurecer investigações em curso. Também pela retomada dos trabalhos no Congresso Nacional, por ser depois do carnaval, pela previsão de manifestações de rua. E aniversário de dois anos da Lava Jato.

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Beat acelerado
A Olimpíada atrapalhará o calendário de operações policiais em julho e agosto. Muitos agentes estarão mobilizados para o evento esportivo. No fim do ano, quando parte foi compelida a tirar férias para não se ausentar durante os jogos, ficou  a sensação de “anticlímax”, devido ao “marasmo” de janeiro.

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Os investigadores que se dedicam a grandes operações como Lava Jato, Acrônimo e Zelotes trabalham com o valioso aliado subjetivo, considerado o mal do século: a ansiedade dos investigados. Por isso, um período prolongado de “paradeira” é contraproducente.

Os fins…
Se continuar crescendo a história de que Lula é dono de um triplex no Guarujá e que teria usado sua influência para ganhar mega reforma no imóvel, o PT teme pela decepção dos militantes mais aguerridos que ainda acreditam que os fins justificam os meios.

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…e os meios
Para Lula, pode ser o começo do que ocorreu a José Dirceu. O ex-ministro foi defendido no mensalão como “guerreiro do povo brasileiro” enquanto achavam que ele havia cometido crimes pela causa. Passou a ser rejeitado após suspeitas de enriquecimento pessoal.

Tempos de guerra
Lula, pelo trabalho que realizou e pela liderança que é, tem muito mais prestígio para sustentá-lo diante da militância que Dirceu. De qualquer modo, há uma avaliação estratégica entre o alto escalão: Lula precisa de um porta-voz com envergadura política.

Para aprender
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), vai tirar a relatoria do Código de Mineração das mãos de Leonardo Quintão (PMDB-MG). O mineiro aproximou-se do atual líder da bancada peemedebista, Leonardo Picciani (RJ),
e flertou com o governo. O posto vai para Laudivio Carvalho (PMDB-MG).

Tapete azul
O PSD, partido do ministro das Cidades, Gilberto Kassab, está de portas abertas para abrigar o vereador paulista Andrea Matarazzo. Importante quadro do PSDB, o tucano está descontente com as incertezas sobre quem será o candidato de sua sigla para a prefeitura de São Paulo.

Pequenos e otimistas
O Sebrae fez uma pesquisa e perguntou a 6.121 micro e pequenos empresários em todo Brasil: “Você trocaria seu negócio para ter um emprego com carteira assinada?” Pouco mais da metade, 57%, respondeu “não”. Desse total que não faria a troca, 38% deles disseram que nem mesmo se fosse para ganhar 50% a mais. O questionário foi realizado entre os dias 2 e 23 de dezembro.  A instituição fez outro levantamento, entre 2 e 30 de novembro do ano passado, e indagou: “Para o seu negócio, de uma forma geral, 2016 será melhor, pior ou igual a 2015”? Dos 6.148 ouvidos, 49% falaram que será melhor e 22%, pior.

Grandes e desconfiados
Executivos de bancos de investimentos convidaram o ex-ministro de Dilma Thomas Traumann para palestra em Nova York sobre o Brasil na semana passada. Os donos do dinheiro se mostraram indiferentes com o fato de a presidente cair ou permanecer no poder. O que eles queriam saber é: “Quando essa incerteza política vai acabar?”. E dão 2015 como perdido.

Toma lá dá cá

Rodrigo Azeredo, diretor de Promoção Comercial do Ministério das Relações Exteriores

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ISTOÉ – O quanto a desaceleração da economia chinesa vai impactar as exportações no Brasil?
Azeredo –
A China representa 20% das nossas vendas para o exterior. Ou seja, 80% das nossas exportações são para outros mercados. Então vai afetar alguns setores específicos, como agronegócio e minério de ferro.

ISTOÉ – Por que o Brasil se interessa tanto por negócios com a África?
Azeredo –
O continente africano tem crescido acima da média mundial nos últimos anos. Cerca de 5% ao ano, estimulados por aumento de consumo e de investimentos. Lá existem grandes mercados como Nigéria, Angola e Moçambique e podem absorver bens industriais.

Rápidas
* Um dos principais inimigos públicos do governo federal no Congresso Nacional avalia que se as manifestações contra o governo da presidenta Dilma convocadas para o dia 13 de março não forem expressivas, o impeachment não tem chance de vingar este ano.

* O PSD tem, ao menos por enquanto, oito grandes cidades onde pretendem lançar candidatos próprios para disputar prefeitura. Quatro delas são capitais: Rio, Belo Horizonte, Maceió e Belém. Gilberto Kassab quer fortalecer sua sigla.

* O embrionário Partido Liberal, que hiberna no TSE, já está perdendo a razão de existir, de acordo com ex-entusiastas da nova legenda. E creditam esta mudança ao novo cenário que será criado pela abertura de uma janela partidária.

* Kim Kataguiri, coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL), foi aprovado no curso de Direito da Fundação Getúlio Vargas. Caso decida cursar, pode agitar o centro acadêmico, como nos tempos em que estudantes de advocacia eram engajados.

Retrato falado
O líder da bancada do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), afirmou que a presidente Dilma Rousseff não precisa temer constrangimento e que deve, sim, participar da abertura do ano letivo do Congresso Nacional, como faziam seus antecessores. Para ele, é fundamental, caso ela queira retomar algum diálogo com os parlamentares. O oposicionista, aliás, está deixando a liderança da sigla na Câmara. O posto deve ser assumido por Pauderney Avelino (AM).

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Guerra da comunicação
Apesar de sua extrema aversão a jornalistas, a presidente Dilma Rousseff está comemorando um feito: levantamentos internos da Presidência apontam que após recentes conversas dela com a imprensa, foi contabilizado aumento expressivo de notícias com viés positivo ao governo. Ela agora planeja ir a programas populares em emissoras de televisão aberta.

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Comunicação em guerra
Um dos principais representantes da ala governista do PMDB espera que a comunicação da presidente seja diferente do passado. Espera-se pelo fim da vacilação. E exemplificou: “A CPMF é prioridade? Então, defina e organize a tática para tentar votar e aprovar”.

Colaborou: Mel Bleil Gallo
Fotos: Sidney Lins Jr./Agência Liderança; AFP PHOTO/EVARISTO SA; MARCOS BEZERRA/FUTURA PRESS