29/01/2016 - 20:00
Com a proposta de uma base nacional comum curricular, apresentada pelo governo no ano passado, veio uma polêmica. Os especialistas em educação não questionam a necessidade de se criar um eixo único de ensino para todo o País, como acontece em outros países com altos níveis de aprendizado. A crítica se volta à formulação do currículo em uma disciplina específica, a de história. A Associação Nacional de História (Anpuh) chegou a escrever uma carta ao secretário de Educação Básica, Manuel Palácios, falando sobre a necessidade de se revisar o que foi proposto. “Pedimos um encontro para apontar falhas”, afirma Maria Helena Capelato, presidente da Anpuh. A maior crítica é por colocar a história do Brasil no centro do ensino sem uma contextualização mundial. “Faltam ligações com outros movimentos internacionais, principalmente no que diz respeito à Europa”, afirma Maria Helena. “É importante tratar da questão indígena ou africana, por exemplo, mas é preciso entender que elas estão conectadas com a história européia”, afirma. Segundo Capelato, há uma discussão de muitos anos entre historiadores que questiona a estrutura eurocentrista do ensino. Mas ela lembra que, ainda que Europa não seja o foco principal, é preciso que o continente seja tratado nas salas de aula. “Somos a favor de dar destaque para o Brasil, mas precisa haver nexo com a história mundial”, afirma.
ENSINO
Currículo comum vai definir os assuntos que serão tratados
em sala de aula em todas as escolas brasileiras
A proposta atual está aberta para debate público até o dia 15 de março. O Ministério da Educação (MEC) também pretende conversar com secretarias estaduais e municipais antes de finalizar o documento. A própria Anpuh vai se reunir em um seminário para revisar a proposta, afirma Maria Helena, que salienta a necessidade de separar questões políticas e ideológicas da discussão. “Não podemos permitir que essa preocupação em melhorar a maneira de se ensinar a história no País seja deturpada pela direita ou pela esquerda.”
