TENDÊNCIA
Resorts, como o Terravista, em Trancoso, aliam paisagens paradisíacas, clima agradável e bons campos

Há algumas décadas era o tênis. Todo hotel ou condomínio de luxo tinha de abrigar boas quadras para os esportistas de fim de semana se esbaldarem. Agora é o golfe. Ele é o diferencial nos empreendimentos de alto padrão que vêm sendo construídos no País nos últimos cinco anos. Condomínios residenciais de luxo têm proliferado nas regiões Nordeste, Sul e Sudeste. Do sul da Bahia até o Ceará também são erguidos megaresorts com espaços para a prática.

A intenção é atrair público interno e externo, mas o segundo é o alvo preferencial no momento. Se entre os brasileiros o número de adeptos ainda é tímido, apesar de estar em crescimento (eram sete mil há dez anos e hoje são 25 mil), lá fora o esporte é disseminado. Só nos Estados Unidos, 9% da população joga golfe. Na Espanha, na última década, os praticantes passaram de 40 mil para 320 mil e o número de campos de 60 para 300. Nesse país, onde o esporte é febre, apenas 1% da população joga, o que abre um leque de possibilidades. Os grandes incorporadores imobiliários já rechearam a Costa do Sol (onde há localidades como Marbella e Cadiz, por exemplo) de campos e agora buscam novos destinos. Entre eles o Brasil – vários empreendimentos nordestinos têm investimento espanhol.

O País quer ser a bola da vez para investidores e turistas de golfe. E tem grandes chances de emplacar. Ele seduz pelo clima, pela disponibilidade de terra (um campo de golfe tem de ter, no mínimo, 600 mil metros quadrados) boa e barata e pela cultura amistosa. Há, em construção, cerca de 40 empreendimentos com campos no Brasil, segundo Jeanine Pires, presidente da Embratur. A entidade tem investido pesado em divulgar o Brasil no Exterior como destino de golfe. “Ele funciona como um algo a mais, um valor agregado para o estrangeiro que vem a lazer ou negócios”, diz Jeanine.

Segundo Fabio Mazza, presidente da Brasil Golf Travel, esse boom de empreendimentos em solo nacional não indica que o esporte está se desenvolvendo, mas que o turismo está em ebulição. “O golfe não é auto-sustentável, ele não gera receita suficiente para recuperar o investimento”, diz Mazza. Um campo de padrão internacional custa a partir de R$ 10 milhões, sem contar o terreno. Os ganhos são grandes porque os empreendimentos imobiliários com áreas para a prática são vendidos mais rápido e por valor mais caro. No setor hoteleiro, o retorno é garantido com uma ocupação regular. “Turismo de golfe é mais homogêneo que o de ski, ou o de praia, por exemplo. O turista não está preocupado com sol ou neve, só quer jogar”, completa.

Os estrangeiros mais visados são os europeus, conta Álvaro Almeida, presidente da Confederação Brasileira de Golfe, parceira da Embratur, com quem está elaborando um guia bilíngüe de golfe no Brasil. “Eles saem no inverno para jogar e buscam o sol daqui, assim como os americanos vão para a Flórida e o Caribe”, conta. Cerca de 15 milhões de golfistas viajam pelo menos uma vez por ano. O turismo de golfe movimenta no mundo US$ 30,5 bilhões por ano. No Brasil, cerca de R$ 400 milhões por ano. A intenção é que esse número se multiplique em breve.