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Os brasileiros diminuíram suas despesas com turismo no exterior em 2015, depois do recorde de gastos líquidos com viagens internacionais em 2014 (US$ 18,724 bilhões). Conforme dados divulgados nesta terça-feira, 26, pelo Banco Central, a conta de viagens ficou negativa em US$ 653 milhões em dezembro do ano passado, levando o resultado de 2015 a também ficar negativo em US$ 11,513 bilhões – o menor desde 2010. O BC projetava um déficit de US$ 11,7 bilhões para essa conta. Essa diminuição das despesas foi impactada pela alta do dólar no ano passado, de 48,5%.

O início da atual série histórica do BC é em 2010, quando os gastos líquidos com viagens somaram US$ 10,704 bilhões – o menor até agora. Nos anos seguintes, o que se viu foi aumento: US$ 14,707 bilhões em 2011; US$ 15,661 bilhões em 2012; US$ 18,554 bilhões em 2013.

O desempenho da conta de viagens internacionais foi determinado por despesas de brasileiros no exterior, que somaram US$ 1,245 bilhão em dezembro. Já o gasto dos estrangeiros em passeio pelo Brasil ficou em US$ 592 milhões no mês passado.

Rombo das contas externas soma US$ 59 bi em 2015

O rombo nas contas externas em 2015 somou US$ 58,942 bilhões, o equivalente a 3,32% do Produto Interno Bruto (PIB), conforme informou nesta terça-feira, 26, o Banco Central. Com isso, o resultado do ano passado foi o mais baixo em seis anos. Em relação ao PIB, a taxa é a menor desde 2013.

O mercado esperava um déficit de US$ 59 bilhões este ano, segundo mediana obtida pela Agência Estado com 14 instituições financeiras, que projetavam um rombo de US$ 57,700 bilhões a US$ 61,926 bilhões. A última estimativa do BC era de um déficit de US$ 62 bilhões para 2015.

No caso do Investimento Direto no País (IDP), o Brasil atraiu um montante de US$ 75,075 bilhões ao longo do ano passado, ante expectativa do BC de entradas no valor de US$ 66 bilhões. O resultado é o menor desde 2013.

Levando-se em conta a curta série histórica, o IDP somou US$ 88,452 bilhões em 2010; US$ 101,158 bilhões em 2011; 86,607 bilhões em 2012; US$ 69,181 bilhões em 2013 e US$ 96,895 bilhões em 2014. Na comparação com o PIB, essa relação anual foi, respectivamente, de 4,00%, 3,87%, 3,59%, 2,90% e 4,01%.

Os números levam em conta a nova metodologia do BC para as estatísticas de Setor Externo. Com as mudanças adotadas pela instituição, em abril do ano passado, a série histórica foi reduzida e há dados disponíveis somente a partir de 2010. Anteriormente, as informações iam até 1947.

Dezembro

Após um rombo de US$ 2,931 bilhões em novembro, o déficit das transações correntes somou US$ 2,460 bilhões em dezembro do ano passado. A projeção do Banco Central para a conta corrente do mês era de um saldo negativo de US$ 5,6 bilhões.

A balança comercial registrou um saldo positivo de US$ 6,068 bilhões no mês, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 2,531 bilhões. A conta de renda também ficou deficitária em US$ 6,455 bilhões.

Já o ingresso de Investimentos Diretos no País (IDP) em dezembro somou US$ 15,211 bilhões, volume mais do que suficiente para cobrir o rombo do mês. O Banco Central projetava ingresso de US$ 6,1 bilhões.

Com a mudança de metodologia realizada em abril do ano passado, o BC introduziu nas estatísticas o conceito de "lucros reinvestidos" – que ocorre quando uma empresa obteve um lucro e decidiu manter esses recursos no Brasil ao invés de repatriá-lo para a matriz. Essa nova conta tem impacto no registro de IDP, mas não afeta o fluxo cambial. No último mês de 2015, os lucros reinvestidos ficaram negativos em US$ 1,194 bilhão e, no ano, em US$ 2,639 bilhões.