por Débora Bergamasco

A Secretaria Nacional de Segurança Pública identificou 81 cidades onde aconteceram 48,5% dos assassinatos ocorridos no Brasil em 2014. Elas servirão como ponto de partida para ações ostensivas do Pacto Nacional de Redução de Homicídios, segundo a secretária Regina de Luca Miki. O programa será lançado neste semestre e, entre outras ações, estabelecerá um protocolo comum para investigação desse tipo de crime. Também prevê reforço a centros de perícia. A coluna teve acesso com exclusividade ao mapa desses municípios.

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O silêncio 2
Todas as capitais brasileiras estão na lista, menos o DF. São 22 cidades do Sudeste, sendo 8 do Rio, 7 de Minas, 6 do Espírito Santo e 3 de SP. O Nordeste aparece com 34 municípios: 10 da Bahia. No Centro-Oeste são 9, sendo 4 deles em Goiás. O Norte tem 10, com 4 do Pará. No Sul, 6, sendo 4 cidades gaúchas.

No olho da rua
Pensadores do PSDB começam a defender a ideia de que o partido não fique esperando a mobilização espontânea para ir às ruas protestar contra Dilma. Acreditam que movimentos como o Brasil Livre não são – ou não deveriam ser – mais “aglutinadores” do que a sigla.

Cizânias
Caso o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, resolva apostar suas fichas na candidatura do empresário João Dória à prefeitura paulistana, tucanos entusiastas de Andrea Matarazzo prometem migrar apoio para Marta Suplicy, que agora está no PMDB.

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Milagre da multiplicação
A aposta de quem conhece o Congresso Nacional do avesso: com o fim do financiamento privado de campanha, deputados voltarão enlouquecidos do recesso. Muita cobrança dos futuros candidatos de suas bases eleitorais. As emendas parlamentares valerão ouro.

Cor do dinheiro
Diplomatas de alta patente no Itamaraty comemoram o fim das sanções econômicas ao Irã. Antes dela, as vendas do Brasil para o país eram bilionárias. Agora, esperam retomar parceria comercial e vender não apenas produtos de agronegócio, mas também aviões e ônibus.

Uma questão…
Dilma anunciou que destinará R$ 83 milhões em patrocínio a clubes de futebol. Está sendo massacrada nas redes sociais por falta de prioridade. Faz sentido: em 2015, ela pretendia gastar com o combate ao crack R$ 710 milhões. Repassou menos da metade por falta de verba, segundo dados do DEM.

…de prioridades
Para 2016, a previsão para combater o crack  parte de R$ 308 milhões. Enquanto isso, a presidente gastará quase R$ 1 milhão para cuidar do gramado da casa onde mora (Palácio do Alvorada), da casa de campo (Granja do Torto) e de onde trabalha (Palácio do Planalto).

Fogo na bomba
A 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal vai reapreciar a decisão liminar do ministro Teori Zavascki, que negou pedido para tirar o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) da cadeia. Enquanto o julgamento não acontece, o parlamentar envia recados.  Indica a alguns colegas petistas que ainda dormem no conforto de seus lares esperar que eles façam pressão sobre os magistrados para que consigam convencer a alta corte a liberá-lo do cárcere. Também conhecido como novo “homem-bomba”, Delcídio espera não ser novamente abandonado, como ele avalia que aconteceu no fim do ano. Sob o risco apertar o detonador.

Daqui não saio
O governo federal doou à prefeitura do Rio um prédio que será demolido para virar uma praça integrada ao aquário no Porto Maravilha. No edifício funcionava a sede da associação dos servidores aposentados dos portos. Agora, senhores ocuparam o local e dizem que só sairão de lá quando conseguirem um novo espaço. Eduardo Paes está com as máquinas paradas.

Toma lá dá cá

Carlos Ayres Britto, ex-presidente do STF

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ISTOÉ – A quanta imoralidade a democracia brasileira vai resistir?
Britto –
Esse é uma fragilidade da nossa democracia: improbidade administrativa. Mas temos condições de fechar o ciclo da corrupção. Veja, temos dois blocos. Um que é o governo e o outro que impede o desgoverno (PF, MP, Judiciário). Só se o 2ª também entrar em disfunção é que teremos um colapso cardíaco e precisaremos de nova Assembleia Constituinte. Estamos longe disso.

ISTOÉ – Qual lição tiramos da crise?
Britto –
De que legitimidade política tem duas dimensões. A 1ª como pré-requisito de investidura no cargo. A 2ª implica em permanente requisito de desempenho. Por isso, impeachment não é golpe.

Rápidas
* Em outras épocas, o PT contava com doações de pessoas simpatizantes à agremiação. Sem o financiamento privado de campanhas, o partido volta no tempo e pede em seu site:  “Seja companheiro – faça sua doação” e “O Brasil precisa do PT e o PT precisa de vc”.

* Um sinal de que a crise realmente chegou ao Brasil: nada a ver com desemprego, inadimplência e pobreza. A rede de restaurantes Fasano, um dos mais sofisticados e caros do país, limitou no fim de 2015 a importação de trufas brancas.

* Nesta temporada, trouxeram ao país menores quantidades do produto. Mesmo assim, a importação custou tanto que os administradores decidiram distribuir a iguaria apenas para as unidades dos restaurantes de São Paulo e do Rio.

* Em Brasília, o restaurante Gero, pertencente ao grupo, ficou sem o ingrediente. Rompendo o que já era uma tradição.Um jantar com as trufas chegaria a R$ 2 mil. Administradores avaliaram que o momento não está para ostentações.

Retrato falado
O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) tirou janeiro para fazer uma rodada de visitas às cidades paraibanas. Ouviu de prefeitos que moradores voltaram a bater na porta das prefeituras para pedir ajuda para pagar, por exemplo, conta de luz.  A prática era comum, mas havia sido praticamente extinta nos últimos anos. Lima está anotando queixas pelo Nordeste. A maioria contra a presidente Dilma e, para sua surpresa, muitas contra o ex-presidente Lula.

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Vai ficar na agenda…
A Polícia Federal encontrou anotados numa agenda recolhida no quarto do pecuarista José Carlos Bumlai, alvo da Operação Lava Jato,
e-mail e telefones de Clara Ant, assessora de Lula. Bumlai confessou que era procurado por pessoas que pediam ajuda sobre “demandas” enviadas ao Instituto Lula e que não eram respondidas. E as repassava para Clara.

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…na página de amigos
E pelo visto fazia isso durante muito tempo. As anotações na agenda de Bumlai são da época em que Clara Ant dava expediente no Palácio do Planalto. O e-mail dela era oficial do governo e os telefones todos de Brasília. O Instituto Lula ainda estava longe de existir.

Colaborou: Mel Bleil Gallo e Marcelo Rocha
Fotos: Isaac Amorim/MJ; Divulgação STF; Jefferson Rudy; GABRIELA BILO/ESTADÃO