Uma vez queridinho, o petróleo se tornou o novo grande vilão da economia brasileira. Ao lado de outras matérias-primas negociadas no mercado internacional, as commodities, o combustível tem atingido baixas históricas. Enquanto a China cresce menos e muda o enfoque de sua matriz econômica da produção industrial (que exige mais matéria-prima) para o consumo e os serviços, o Irã, que já foi o segundo maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opec), volta aos mercados e os Estados Unidos batem recordes de produção. Assim, aliado à redução do consumo, o excesso de petróleo tem um efeito imediato: queda nos preços. Na semana passada, o barril do tipo Brent, usado como referência, chegou a valer menos que US$ 28. As ações preferenciais da Petrobras, por sua vez, valiam R$ 4,28 na quarta-feira 20.

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DESEQUILÍBRIO
A China consome menos e o Irã e os Estados Unidos produzem mais: preços em baixa

O contexto internacional joga contra a companhia brasileira, que ainda sofre com os efeitos negativos da Operação Lava Jato. Segundo a consultoria Economática, a petroleira perdeu R$ 436,6 bilhões em valor de mercado nos últimos oito anos. Há duas semanas, a Petrobras anunciou que, até 2019, vai reduzir seus investimentos em 24,5% – isso considerando um preço médio de US$ 45 o barril neste ano. Para alguns economistas os preços não irão se recuperar antes de 2017. De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), que dá conselhos para países industrializados sobre políticas de energia, a sobreoferta de petróleo deve durar pelo menos até o fim deste ano devido a um clima anormalmente muito quente e uma oferta cada vez mais crescente.

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Nos últimos meses, com a trajetória descendente da cotação do petróleo, o mercado também passou a questionar se isso não inviabilizaria a exploração do pré-sal. Há quase 10 anos, quando as reservas foram descobertas, a commodity, em franca valorização, estava numa fase bem diferente. Um barril chegou a valer US$ 140. Ainda que agora as ações abaixo de R$ 5 pareçam tão baratas, os analistas alertam que esse não é o momento de comprar papéis da estatal, que, no ano passado, perdeu o grau de investimento concedido pelas principais agências de classificação de risco. “É difícil saber se as ações já chegaram ao piso”, diz Ricardo Couto, professor de Finanças do Ibmec/MG. “Só entra na empresa hoje quem gosta de volatilidade e isso é muito arriscado para os investidores individuais.” 

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