O Conselho Federal de Medicina (CFM) ampliou de seis para 21 as doenças que, associadas a um grau de médio de obesidade (IMC superior a 35), podem se tornar indicações para a cirurgia de redução do estômago. A partir de agora, entram no rol de enfermidades depressão, asma grave, infertilidade, disfunção erétil, refluxo e síndrome dos ovários policísticos, entre outros. Atualmente, a obesidade atinge um em cada cinco brasileiros. A decisão do CFM se baseou em estudos internacionais sobre os benefícios do procedimento para pacientes que ainda não apresentam obesidade mórbida (IMC acima de 40). Mas manteve a norma de que, para ser possível a intervenção, a pessoa deve ser obesa há cinco anos e ter tentado o tratamento clínico – dieta, exercícios e medicamentos – por pelo menos dois anos.

MEDICINA-2-IE.jpg
SUOR
Apenas 2% a 3% dos pacientes com IMC acima de 40 conseguem perder
peso com tratamento clínico (dieta, exercícios e medicamentos)

Pesquisas apontam que apenas 2% a 3% dos pacientes com IMC acima de 40 conseguem perder peso com tratamento clínico. Mas, embora a cirurgia seja o principal tratamento para o grupo com obesidade mórbida, uma pequena parcela da população tem acesso a ela. Em 2014 foram 94 mil operações no País, o que representa apenas 2,5% do total de pessoas com indicação para o procedimento.

A comunidade médica aprovou a medida do CFM, mas fez algumas ressalvas – com relação à indicação no caso de depressão, por exemplo. O quadro depressivo, segundo especialistas, pode ser anterior ao ganho de peso. Então, deveria ser tratado antes da intervenção, pois poderia complicar no pós-operatório. De qualquer forma, o Conselho reafirma que a redução de estômago deve ser a última opção a ser usada. “A intenção é mostrar para a população que a procedimento cirúrgico pode ser um tratamento importante e necessário para alguns grupos de pacientes”, diz o vice-presidente do CFM, Mauro Luiz de Britto Ribeiro. “Mas a cirurgia não deixa de ser uma agressão ao organismo.”