O clima das Olimpíadas começa a contagiar o Brasil com a chegada de seleções estrangeiras para treinos de aclimatação. O objetivo é acostumar os atletas estrangeiros ao clima local e ao fuso horário do País. Grandes delegações já fecharam acordos com os locais que servirão de “segunda casa” para seus atletas esportistas. Na semana passada, por exemplo, a equipe britânica de canoagem treinou em Minas Gerais, enquanto os ginastas americanos dividiram a arena com a seleção brasileira, no HSBC Arena, no Rio de Janeiro.

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FOCO
Seleção americana de ginástica masculina treinou na
semana passada no HSBC Arena, no Rio

O clima no ginásio durante o treino misto entre equipes de ginástica do Brasil e dos Estados Unidos era de amizade. Mas o técnico da seleção americana masculina, Kevin Mazeika, não esquecia do seu cronômetro que, segundo contou em entrevista a ISTOÉ, começou a rodar desde a hora em que acordou no dia primeiro de janeiro de 2016. “Sair da zona de conforto de casa e ver outro time treinando ao lado motiva os rapazes a se esforçarem mais. Também é importante que possam testar os equipamentos e conhecer o lugar onde vão competir, para que cheguem aos Jogos com a sensação de ‘ok, eu já vim aqui’. Sentir-se confortável é importante para a autoconfiança e reflete no desempenho”, disse Mazeika.

Segundo o medalhista olímpico Lars Grael, a antecipação na aclimatação diz muito sobre o desempenho de uma equipe, especialmente para a vela. “Os britânicos foram os primeiros a chegar. Logo após a Olimpíada de 2012, eles já começaram a fazer testes na Baía de Guanabara. Não é a toa que nas últimas quatro edições dos Jogos eles foram campeões em número de medalhas na vela.” Outros países, como Dinamarca, Nova Zelândia e Irlanda, já estão treinando no Rio há dois anos e, os italianos, há seis meses.

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Mas trabalhar em espaços públicos em pleno verão carioca não é exatamente uma tarefa fácil. Os dois maratonistas aquáticos britânicos trocaram a tumultuada praia de Copacabana, onde serão realizadas as provas da modalidade, pelas dependências do Minas Tênis Clube, em Belo Horizonte. Estiveram no clube em agosto de 2015. Na semana passada, eram seus colegas da canoagem. Outras cinco delegações treinarão em Minas. A delegação britânica pagou cerca de R$10 milhões para usar as dependências do Minas. No Rio, os americanos se comprometeram a fazer reformas nas instalações do Flamengo, que receberá parte da delegação. Já complexos esportivos de universidades públicas não cobram. O mais disputado foi o da Unisul, em Santa Catarina, por ter a única piscina aquecida do País, coberta e nas medidas oficiais. Suécia e Alemanha já fecharam acordo para utilizar o local e outras duas delegações estão em fase de negociações. Como compensação pelo uso, são feitos acordos de troca de experiência entre as equipes técnicas e o corpo acadêmico. Desse jeito, todo mundo sai ganhando.