Governantes democráticos sabem – e aceitam – que a gangorra do ganhar e perder faz parte do jogo político. Não é esse o caso do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, herdeiro e fomentador do chavismo no país. Em dezembro ele sofreu dura derrota quando os venezuelanos elegeram para a Assembleia Nacional uma maioria parlamentar de oposição. Maduro não aceitou a vontade do povo e no tapetão de uma Justiça manipulada anulou a candidatura de três opositores – a manobra foi tão clara que até o governo brasileiro, que geralmente o apoia, dessa vez o criticou. Na semana passada, o presidente sofreu nova derrota, agora moral e política: a Assembleia, comandada pela Mesa de Unidade Democrática, empossou todos os parlamentares, entre eles os três que a justiça excluíra. Com isso a oposição tem maioria e já acena com a convocação de referendo para extinguir o mandato de Maduro, que insistirá no afastamento de alguns eleitos.