por Débora Bergamasco

Em depoimento à Procuradoria-Geral da República, o empresário e delator Carlos Alexandre de Souza Rocha, conhecido como Ceará, lembrou de uma conversa com o doleiro Alberto Youssef sobre a distribuição de propina desviada da Petrobras. Falavam sobre a “fidelidade” do PP em relação ao governo quando o delator ficou confuso. Youssef foi direto ao ponto: “Ceará, você é burro? Você acha que os políticos vão pedir dinheiro diretamente à Dilma? Eles pedem cargos e nos cargos eles fazem os caixas dos partidos.”

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Promessa de campanha
O vice-presidente Michel Temer já tem um tema para “vender” durante sua série de viagens que pretende fazer pelo Brasil: federalismo. Nos encontros com militantes do PMDB vai defender a descentralização da União e a partilha de mais responsabilidades – e verbas – para os estados e municípios.

Promessa 2
Ele começará pelo Sul. Está fechando datas com integrantes do partido. No Rio Grande do Sul, com Ivo Sartori, e no Paraná, com Roberto Requião. Temer busca apoio para reeleição à presidência do PMDB. Estará no páreo com ou sem chapa opositora.

A vida como ela é
Segundo a análise de um experiente ministro de Dilma, a base aliada no Congresso terá motivo contundente para votar com o governo neste ano: tem eleições municipais sem financiamento privado. Com isso, as emendas parlamentares valerão ainda mais.

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Inchaço da máquina
Enquanto o governo diz pregar austeridade, algumas estruturas federais continuam infladas. O diretor-presidente da Anac, Marcelo Pacheco dos Guaranys, dispõe de quatro secretárias. Nada contra elas, nem contra ele. Mas é estrutura de ministro de Estado.

A última que morre
Aliados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, estão esperançosos que alguns ministros possam reformar decisão no julgamento de embargos sobre o rito do impeachment. Especialmente nas questões que concederam muito poder ao Senado e pouco à Câmara.

A hora do adeus
Após seis anos como Advogado Geral da União, Luis Inácio Adams acertou com Dilma que ficará no governo até o dia 1º de março deste ano. Depois, vai se licenciar do serviço público para exercer advocacia privada. A sua última batalha antes de sair é a unificação das carreiras dentro da AGU.

Construção civil
No orçamento da Polícia Federal para 2016 foram incluídos R$ 8 milhões para a construção da nova sede da corporação em Brasília. Conhecido como Máscara Negra, o edifício que hoje abriga o comando da PF foi inaugurado há quase 40 anos, em julho de 1977.

Humilhação assistida
Membro das bancadas evangélica e da bala na Câmara, João Campos (PSDB-GO) está atrasado para apresentar seu relatório sobre o projeto que proíbe a revista vexatória de visitantes de presídios. Governo e entusiastas articulam para transferir a relatoria do tema. O texto está parado desde 2014 na Comissão de Segurança Pública da Câmara e o objetivo é conseguir a aprovação para levá-lo à Comissão de Constituição e Justiça, com tramitação conclusiva. Lá, o relator deve ser Alessandro Molon (Rede-RJ), favorável à medida. Hoje, cerca de 500 mil mulheres são submetidas à prática semanalmente.

Caixa rápido
Valdir Simão, do Planejamento, pediu levantamento da situação de todas as obras do PAC. Quer informações sobre os cronogramas, as dívidas pendentes e saber quais delas estão travadas pelo Tribunal de Contas da União. Ele vai assumir pessoalmente conversas com o TCU para regularizações. Outra prioridade: focar esforços nas concessões dos aeroportos.

Toma lá dá cá

GEORGE HILTON, MINISTRO DO ESPORTE

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ISTOÉ – As Olimpíadas serão a alegria em um ano só de más notícias?
Hilton –
Serão o melhor momento do ano para o Brasil. Vamos surpreender o mundo positivamente mais uma vez e vamos nos surpreender conosco mesmos, pela nossa capacidade, engenho, criatividade.

ISTOÉ – Em termos de desempenho dos atletas, o Brasil vai levar de 7×1?
Barbalho –
Vamos fazer bonito. Nós trabalhamos com a meta de estar entre os dez primeiros colocados nos Jogos Olímpicos e entre os cinco melhores nos Paralímpicos. O desenvolvimento alcançado nos últimos anos mostra que esse objetivo é bem realista. O governo Dilma deu condições ao time olímpico brasileiro que nunca existiram antes.

Rápidas
* A indústria da construção chegou ao fim de 2015 com ociosidade recorde: 43% das máquinas e equipamentos utilizados pelo setor estavam parados em novembro de 2015, nove pontos percentuais acima do registrado no mesmo mês de 2014.

* A situação foi um pouco pior nas pequenas empresas, em que a paradeira alcançou 46%. O que demonstra forte retração da atividade no setor. A pesquisa foi feita Confederação Nacional da Indústria (CNI), por meio de entrevistas com 564 construtoras.

* No auge da crise protagonizada entre peemedebistas por falta de consenso sobre impeachment, o ex-governador do Rio Sergio Cabral ameaçou se desfiliar do partido, arrastando consigo vários outros membros. Iria para onde Dilma quisesse.

* Mesmo com o recesso parlamentar, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fez questão de dar expediente esta semana em seu gabinete, em Brasília. Quem o conhece diz que é uma estratégia para aparentar total normalidade.

Retrato falado
Escalado pelo PSDB para comandar a bancada de deputados federais, Antonio Imbassahy tem a missão de retomar o protagonismo tucano na batalha pelo impeachment da presidente Dilma – algo que, na avaliação do próprio partido, Carlos Sampaio (PSDB-SP) deixou a desejar. Desde já, o baiano promete uma oposição ferrenha às propostas econômicas do governo e parte para o ataque ao novo ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, a quem chama de “ventríloquo” de Dilma.

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Estrela de Belém
O ministro da Saúde, Marcelo Castro, queria fazer sua primeira aparição em cadeia nacional de rádio e televisão. Planejou falar, na véspera do Natal, sobre o temível zika vírus, que vem causando microcefalia em bebês. Mensagem negativa demais para uma data símbolo de renascimento e esperança entre os cristãos. Ao chegar no Planalto, o pedido foi vetado.

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Gregos e troianos
Há no governo quem defenda que Dilma tire do documento do PMDB “Uma Ponte para o Futuro” algumas ideias de medidas para o ajuste fiscal. Dando o crédito ao partido aliado, como um gesto de paz. E também um modo de evitar que o PT seja o pai das iniciativas neoliberais.

Colaborou: Marcelo Rocha e Mel Bleil Gallo
Fotos: REUTERS/Rodolfo Buhrer; Alexssandro Loyola; Roberto Castro/ME