Quentin Tarantino tem pena dos cineastas que envelhecem, perdem o domínio atrás das câmeras, mas continuam fazendo filmes medíocres. Ele contou, em entrevista à ISTOÉ, as razões pelas quais vai parar de filmar em breve. Sua cinematografia, garante, terá dez filmes. “Os Oito Odiados” em cartaz na cidade, é o 8º da lista e conta a história de uma criminosa fugitiva disputada por caçadores de recompensa.

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Cena de ”Os Oito Odiados”: indicação para o Globo de Ouro em três categorias

Há quem diga que o cineasta já está se reciclando. Outros se empolgam pela atmosfera de tensão constante do novo longa, que adia ao máximo o clímax sanguinolento. “Não quero que os fãs se decepcionem”, diz o americano de 52 anos. O filme concorre em três categorias no Globo de Ouro de domingo 10: melhor roteiro, atriz coadjuvante e trilha sonora. “Não vou me aposentar para virar pescador ou jardineiro. Só não quero virar motivo de piada no cinema.

ISTOÉ – Como o sr. espera ser lembrado pelo público depois de parar de filmar?
Quentin Tarantino –
Desde “Kill Bill’, acho que me tornei mais preocupado com as palavras. Meticuloso até. Quando completar a minha filmografia, acredito que o legado serão os diálogos que criei. Acho que serei lembrado pela maneira como os meus personagens falam. Escrevo muitas sequências, sobretudo as mais longas, como se fossem trechos de um livro. Nunca respeitei o formato esperado de um roteiro de cinema. E acho que deu certo.

ISTOÉ – “Os Oito Odiados” impressiona pelo roteiro que mantem o suspense até o fim. Como chegou a esse efeito?
Tarantino –
Tudo sempre começa no papel. Concebi o filme em duas metades. Escrevi a primeira parte como se estivesse esticando um elástico. Ou seja, tecendo as relações entre os personagens sem pressa de chegar ao desfecho inevitável. Já a segunda metade representa o que acontece quando o elástico é rompido, no momento em que tudo foge completamente ao controle (risos).