coreia3.jpg

A Coreia do Norte afirmou nesta quarta-feira, 6, que realizou com sucesso seu primeiro teste com uma bomba de hidrogênio – uma forma mais poderosa de bomba nuclear.  De acordo com o anúncio, feito por meio de um comunicado na mídia estatal, a Coreia do Norte declarou que seus cientistas haviam medido "o poder de uma pequena bomba H".

A Casa Branca afirmou, porém, que a análise inicial do suposto teste nuclear não é consistente com um teste de bomba de hidrogênio, mas qualquer teste nuclear deve ser uma "violação escandalosa" das medidas do Conselho de Segurança da ONU. "A análise inicial não é consistente com a reivindicação que o regime fez sobre um teste de bomba de hidrogênio bem-sucedido", disse o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, durante entrevista coletiva.

Imediatamente após a divulgação da notícia por Pyongyang, Japão e Estados Unidos solicitaram uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, que aconteceu na tarde desta quarta-feira, em Nova York. O órgão qualificou o testo como uma "ameaça à paz mundial" e informou que vai pedir o reforço das sanções contra o país (confira abaixo). Antes da reunião, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou o teste e o qualificou de "extremamente problemático".

A TV estatal norte-coreana noticiou que cientistas do país conduziram a detonação bem-sucedida de uma bomba de hidrogênio por volta das 10h desta quarta-feira pelo horário local (23h30 de terça-feira, no horário de Brasília). O Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês) havia divulgado que um terremoto de magnitude 5,1 ocorreu por volta desse horário nas proximidades do local da suposta realização do teste nuclear, no nordeste da Coreia do Norte.

Especialistas dizem que ainda é incerto se os norte-coreanos desenvolveram a capacidade de construir uma bomba de hidrogênio. A magnitude do tremor desta quarta-feira foi a mesma da explosão de um teste com uma bomba atômica realizado em 2013 pelo país comunista. "A força dessa explosão não parece ser grande o suficiente para se tratar de uma clássica bomba de hidrogênio", afirmou Jeffrey Lewis, diretor do Programa de Não Proliferação do Sudeste Asiático do Centro James Martin para Estudos de Não Proliferação.

No passado, Washington questionou anúncios de avanços tecnológicos feitos pelos norte-coreanos. Por outro lado, o Pentágono afirmou em 2015 ter descoberto que Pyongyang está perto ou já é capaz de miniaturizar ogivas nucleares que podem ser acopladas a mísseis e lançadas em qualquer parte do mundo. A Coreia do Norte já realizou três detonações de bombas atômicas, a última delas em 2013.

A Coreia do Sul qualificou o teste como uma violação das resoluções do Conselho de Segurança, que proíbem o desenvolvimento de armas nucleares pela Coreia do Norte. Segundo o vice-chefe do escritório presidencial de segurança nacional da Coreia do Seul, Cho Tae-yong, Seul "condena veementemente o quarto teste nuclear" realizado por Pyongyang e deverá trabalhar com os EUA e outras nações para estudar as medidas apropriadas, que podem incluir novas sanções da ONU contra a Coreia do Norte.

No caso da China, esse último teste irá dificultar as relações com Pyongyang e a pressão internacional irá crescer para que Pequim participe mais de esforços para controlar a situação, de acordo com um especialista da Universidade de Fudan, em Xangai.
Radiação. O ministério japonês da Defesa mobilizou nesta quarta-feira aviões de treinamento T4 para detectar possíveis partículas radioativas após o teste nuclear realizado pela Coreia do Norte, anunciou o governo.

"Para entender o impacto dos possíveis resíduos radioativos após o teste nuclear, as aeronaves da Força Aérea de Autodefesa recolheram poeira no ar", afirmou o porta-voz do governo, Yoshihide Suga.

Suga informou que os aviões permaneceram no espaço aéreo japonês. Segundo o jornal Sankei Shimbun, os aviões decolaram de três bases em regiões diferentes do país. Os postos de controle espalhados pelo Japão não detectaram nenhum nível anormal de radiação até o momento, segundo o porta-voz.

Conselho de Segurança diz que teste é ‘ameaça à paz mundial’

O Conselho de Segurança da ONU qualificou nesta quarta-feira como uma "clara ameaça" para a paz mundial o teste nuclear realizado pela Coreia do Norte, e anunciou que trabalhará "imediatamente" para adotar uma nova resolução de condenação.

O anúncio foi feito pelo embaixador do Uruguai na ONU, Elbio Rosselli, cujo país preside o Conselho este mês, em uma declaração que leu aos jornalistas no fim de uma reunião de emergência realizada pelo órgão que é a instância máxima das Nações Unidas.

O teste nuclear norte-coreano é "uma clara ameaça à paz e à segurança" internacional e uma "clara violação" das resoluções da ONU que exigem ao regime de Pyongyang o fim dessas práticas.

A declaração lembra que, em outras ocasiões, as Nações Unidas tinham ameaçado adotar novas "medidas significativas" caso Pyongyang continuasse com esses testes nucleares.

Diante do teste de hoje, Rosselli declarou que os integrantes do Conselho trabalharão "imediatamente" para adotar uma nova resolução nesse sentido, sem detalhar se haverá uma ampliação das sanções já existentes.

Desde 2006, a ONU vem sancionando a Coreia do Norte pelos testes nucleares realizados até o momento (o de hoje é o quarto do qual se tem conhecimento) e pelo programa de mísseis balísticos que está desenvolvendo.

Após sua reunião de hoje, segundo a declaração divulgada no fim, o Conselho diz acreditar que o teste não só é uma violação às resoluções da ONU, mas também ao regime de não-proliferação nuclear buscado pela comunidade internacional.