Foi quase como um tsunami de lama, detritos e uma água barrenta que varreu tudo à sua frente. Casas, ruas, animais, carros, vidas. O mar de lama que desceu das barragens de rejeitos de mineração da Samarco dizimou tudo que era vivo em um raio de 30 quilômetros na maior tragédia ambiental da história do Brasil. Bento Rodrigues, o vilarejo fatalmente situado no sopé da barragem, desapareceu. Desapareceram também rios e riachos que cortavam o vale verde que iria desaguar no Rio Doce, um dos principais do país e hoje um cemitério em água corrente. A lama, irrefreável, chegou até o Doce, matando tudo que nele vivia, e viajou mais de seis centenas de quilômetros até chegar ao Oceano Atlântico. Foi quase um tsunami. Mas, ao contrário dos tsunamis, a tragédia de Mariana não foi fruto de nenhuma força da natureza. Foi resultado direto da irresponsabilidade e da ganância excessivas. Até a semana passada, a Samarco havia sido condenada a pagar multa de R$ 250 milhões pelo desastre.

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06.11 – DESTRUIÇÃO Terra arrasada em Bento Rodrigues:
desastre provocado pela irresponsabilidade

AFP PHOTO / Douglas MAGNO