Em novembro de 2016, uma nova pessoa será eleita para se sentar na cadeira de presidente dos Estados Unidos. E, pela primeira vez, há grandes chances de ela ser uma mulher, a candidata do Partido Democrata Hillary Clinton. Diferentemente do que muitos podem pensar, por seus discursos em favor da tolerância e da igualdade, a candidata não será condescendente com os maiores inimigos do país, os radicais islâmicos. “Caso eleita, Hillary adotará uma política mais agressiva e pode até estar mais inclinada a mandar tropas para o Oriente Médio”, diz Henri Barkey, diretor do Programa para o Oriente Médio do Centro Woodrow Wilson. Segundo analistas, ela sempre teve uma atitude mais belicosa que o atual presidente, Barack Obama, em questões de segurança nacional – postura observada na época em que foi primeira-dama e durante seu mandato no Senado.

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DISPUTA
Democrata Hillary Clinton discursa em universidade em
Minneapolis (acima). Republicano Jeb Bush cumprimenta
eleitores em evento do partido em Maryland (abaixo)

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Hillary também será pressionada pela opinião pública a preparar as armas. De acordo com Arnold Haiman, membro da Universidade George Washington, os americanos se tornaram afeitos ao confronto depois dos atentados terroristas orquestrados pelo Estado Islâmico que mataram 130 pessoas em Paris, na França, e 14 em São Bernardino, nos Estados Unidos. “O mandato dela sofrerá com a ameaça crescente do terrorismo”, afirma Haiman. Obama assumiu o posto num momento diferente, em que seus compatriotas estavam cansados das perdas de soldados nas guerras do Iraque e do Afeganistão.

Política experiente, se eleita, Hillary saberá manobrar no Congresso, mas mesmo assim será difícil conquistar o apoio (interno e externo) para mandar soldados ao Oriente Médio, avalia o pesquisador da Universidade de Harvard Hussein Kalout. Principais candidatos do Partido Republicano, o irmão do ex-presidente George W. Bush, Jeb Bush, e o bilionário Donald Trump (leia quadro), devem representar uma mudança ainda maior. “Os republicanos que lideram as pesquisas são muito belicosos e simplistas em relação a políticas internacionais”, diz Alexander Keyssar, professor da Universidade de Harvard.

Uma piada longa demais

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Um episódio recente da série South Park criou uma versão canadense (e fantasiosa, claro) do candidato à presidência republicano Donald Trump. Na ficção, o personagem consegue pôr em prática, no Canadá, as polêmicas políticas que o Trump da vida real planeja para os Estados Unidos, com resultados desastrosos. “Nós pensamos que seria engraçado, ninguém imaginou que ele seria presidente”, lamenta um canadense no desenho. “Mas nós deixamos a piada continuar por muito tempo.” Ofensivo e xenófobo, Trump é o primeiro colocado nas primárias do Partido Republicano. Ele conquistou apoio popular, mas é considerado fogo de palha por especialistas consultados pela ISTOÉ. Num país dividido entre dois partidos, as eleições são decididas pelos indecisos, mais moderados. Os republicanos sabem disso e dificilmente sabotarão o próprio partido elegendo um radical sem chances.