Joaquim Levy não resistiu. Na tarde da sexta-feira 18, a presidente Dilma Rousseff definiu que Nelson Barbosa, titular do Ministério do Planejamento, assumirá o Ministério da Fazenda. A escolha do desenvolvimentista Barbosa para substituir Levy sinaliza uma guinada radical na condução da política econômica do governo. Saem de cena a austeridade fiscal e o compromisso com a gestão responsável das contas públicas para dar lugar a conceitos mais flexíveis na economia. Barbosa, por exemplo, é contrário à redução de gastos sociais, mesmo se isso representar sérios prejuízos aos cofres públicos. Levy tinha se tornado uma voz solitária dentro do governo Dilma. Seu discurso em prol da austeridade desagradava principalmente petistas. Na semana passada, o nervosismo do mercado demonstrou que a saída de Levy não será bem recebida por diversos setores da sociedade. O dólar e os juros futuros dispararam, com a moeda americana alcançando sua maior cotação em quase dois meses. A Bolsa de Valores de São Paulo também sofreu perdas.

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CARTILHA PETISTA
Barbosa é muito mais próximo do PT que seu antecessor

Doutor em economia pela New School for Social Research, de Nova York, o carioca Nelson Barbosa, 46 anos, exerceu diversos cargos na gestão pública, da secretaria executiva do Ministério da Fazenda à presidência do Conselho do Banco do Brasil. Antes de ser nomeado ministro do Planejamento, Barbosa era professor titular da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas. Ao lado de Joaquim Levy e Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, Barbosa foi uma figura central do primeiro ano do segundo mandato de Dilma Rousseff. Como Levy, ele diz ter apreço pelo controle fiscal, mas tende a proteger mais os programas sociais e manter uma relação mais próxima com o PT que seu antecessor. Sua relação com Dilma começou durante o segundo governo de Luís Inácio Lula da Silva, quando a presidente ainda era a chefe da Casa Civil. Naquele período, sob o comando de Guido Mantega, o economista participou da criação de iniciativas que buscavam combater a crise econômica, como o Programa de Aceleração ao Crescimento (PAC) e o Minha Casa, Minha Vida.

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FIM DE LINHA
Desautorizado publicamente depois que Dilma reduziu
a meta de superávit, Joaquim Levy preferiu sair