por Débora Bergamasco

O sempre discreto e comedido ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, relator da Lava Jato na corte, desabafou em uma roda de amigos: “O PT e o PMDB vão acabar”. A conversa aconteceu durante um almoço em Porto Alegre, neste mês. Entre uma taça e outra de vinho, ele demonstrava seu espanto com a magnitude, a profundidade e o número de pessoas envolvidas nos casos de corrupção apurados por esta investigação. Diante do que ele já sabe, acha que não sobrará pedra sobre pedra.

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Chocados
Petistas e membros do judiciário ficaram perplexos quando Edson Fachin, do STF, relator do processo que definiu o rito de impeachment presidencial, leu seu voto. Especialmente ao decidir manter secreta a votação que define a constituição da comissão da Câmara dos Deputados que analisa o pedido de afastamento de Dilma.

Dois pesos 
Embora muitos acreditem se tratar de casos diferentes, havia a expectativa de que Fachin repetisse agora seu posicionamento de dias atrás, quando definiu que a votação sobre a prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) no Senado deveria ser aberta.

Na hora H… 
Mas o motivo maior da perplexidade foi porque Edson Fachin, novato na Corte, disse a interlocutores que sua decisão seria pró-governo. Lembrou-se do caso de Luiz Fux, ao supostamente prometer a petistas que “mataria no peito” o caso mensalão.

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Enrolomêtro
Cientes de que o governo não aprova mais nada no Congresso este ano, o Planalto empurrou para as calendas os pedidos dos aliados por cargos. Escalaram para a função de travar o processo o ex-deputado Orlando Desconsi, chefe de gabinete de Ricardo Berzoini.

Paranoia no ar
O senador Álvaro Dias começou a ouvir barulhos estranhos em seu gabinete. Nesta semana, pediu para a Polícia Legislativa fazer uma varredura para tentar detectar a presença de grampos. O medo, brincou ele, era alguém aproveitar a visita para instalar um.

Senador pelos ares
Com permanência no Brasil garantida pelo Ministério da Justiça, o senador boliviano Pinto Molina fez curso para ser piloto de helicóptero, profissão que escolheu para exercer no Brasil. Só falta agora a ANAC conceder o documento para que possa pilotar e garantir uma fonte de renda para viver por aqui.

Pelos ares 2
O processo esbarra na falta de documentação que comprove a escolaridade do senador boliviano. As comprovações estão na Bolívia, de onde ele fugiu para não ser morto pelo governo. Ele busca ajuda para que alguém possa localizar e lhe enviar a papelada.

Você economiza…
Até o dia 31 de outubro deste ano, a dívida pública interna e externa do Brasil custou ao contribuinte R$ 939 bilhões. Com amortização e refinanciamento foram gastos R$ 630 bilhões. E só com os juros e correção monetária, R$ 308 bilhões – em 2010, este valor foi de R$ 179 bi. Apenas como comparação, a estimativa de toda arrecadação da União para 2015 é de R$ 2,9 trilhões. Ou seja, o gasto com a dívida pode ultrapassar um terço do que espera amealhar neste ano. Os dados foram compilados pelo Ministério da Fazenda, em resposta a um requerimento de informação feito pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

… e o governo gasta
O total da dívida interna do Brasil, até o dia 31 de outubro, chegou a R$ 3,7 trilhões. Sendo R$ 2,5 trilhões referentes ao endividamento junto ao mercado. E R$ 1,2 trilhão na carteira do Banco Central. A externa é bem menor: R$ 142 bilhões. Analistas avaliam que o dispêndio não se reverteu em investimentos. Gastou-se demais e construiu-se de menos.

Toma lá dá cá

SÉRGIO REIS, CANTOR E DEPUTADO FEDERAL (PRB-SP)

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ISTOÉ – Aos 75 anos, qual é a avaliação que o sr. faz do seu primeiro ano de mandato como deputado federal?
Reis –
Na minha idade não me surpreendo com mais nada. Mas já passei pela época da ditadura militar, já vi o impeachment do Collor mas, desde que me conheço por gente, nunca vi o país em situação pior do que a de hoje. E agora vejo isso de dentro do poder, como “infiltrado” aqui. Mas agora querem dizer que (o impeachment) é golpe. Golpe foi o que fizeram com o país.

ISTOÉ – Qual é o maior defeito na Câmara dos Deputados?
Reis –
Aqui se fala demais e se age pouco. E tem também o fanatismo político. O petista é xiita. Não todos, mas muitos.

Rápidas
* Parlamentares juram que o deputado André Moura (PSC-SE) tem a cópia de uma gravação em que Jaques Wagner (Casa Civil) tentava acordo com Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara, para que ele não acatasse pedido de impeachment.

* O deputado Lucio Vieira Lima (PMDB-BA), um dos parlamentares mais gaiatos da Câmara, encontrou André Moura e propôs: “Vamos forjar um assalto na sua casa. Fazemos um B.O. e assim você pode vazar logo essa gravação”. Caíram na risada.

Michel Temer anda de bom humor. Ri quando lhe perguntam se assumir o Brasil “é crime ou castigo?”. Também achou graça dos memes sobre sua carta-desabafo à Dilma. O favorito foi virar enfeite de árvore de Natal, como “vice decorativo”.

Com o desespero de grávidas por causa do zika vírus e a ameaça de microcefalia nos bebês, a operadora de saúde Geap acaba de liberar gestantes de cumprir carência, que chegava a 300 dias. A regra vale para recentes e novas adesões.

Retrato falado
O advogado criminalista Antônio Figueiredo Basto, que assumiu recentemente o caso do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), recebeu com serenidade a decisão do ministro Teori Zavascki para manter seu cliente preso. Mas estuda pedir habeas corpus durante o recesso do judiciário, que começa na semana que vem. O pedido para que ele fosse solto foi realizado pelo advogado Maurício Leite, que acompanha o caso há mais tempo. “Vamos estudar a decisão do Supremo”, disse Basto.

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Companhia indesejada
Na semana passada, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foi a Curitiba. Assim que a porta da aeronave se abriu, ele parou em frente à escada, mas empacou. Avistou no solo o agente Newton Ishii, o “japonês bonzinho” da PF, que o esperava para fazer sua escolta. Rindo, Cardozo soltou: “Voltem todos que aqui eu não desço.” A gargalhada foi geral.

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Dama de companhia
Por falar no japonês, ele foi alçado à fama, com direito a marchinha e máscaras de carnaval. Isso está incomodando parte da cúpula da Polícia Federal. Newton colhe os louros de um trabalho realizado com discrição pelos profissionais do setor de inteligência. Cabe ao agente apenas receber os presos.

Fotos: Zanone Fraissat/Folhapress; GIULIANO GOMES/ESTADÃO CONTEÚDO