Em mais uma semana de notícias desastrosas para a economia brasileira, o empresariado demonstrou seu profundo descontentamento com o governo Dilma Rousseff. De acordo com uma pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), 91% dos executivos paulistas são favoráveis à abertura do processo de impeachment da presidente. Com 34,3% da indústria nacional ali baseada, São Paulo é o estado mais importante para o setor no País. “A esperança de que Dilma recupere credibilidade para que a economia volte a girar desapareceu”, diz Paulo Skaf, presidente da Fiesp. “Por essa razão, o meio empresarial está buscando mudanças na política.” Candidato a governador pelo PMDB em 2014, Skaf afirma que o levantamento da Fiesp não tem nada a ver com a política partidária: “Na eleição passada, eu não apoiei a Dilma e fiquei numa saia justa com o Michel Temer”, afirma. “Agora, para evitar essa conversa injusta, nós fizemos uma pesquisa ouvindo 1.113 empresas. Não foi uma decisão minha.”

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INSATISFAÇÃO
Skaf: ”O meio empresarial está buscando mudanças na política”

A pesquisa foi divulgada em um momento de forte tensão na economia. Única ponte do governo Dilma com o empresariado, o ministro da Fazenda Joaquim Levy selou sua saída da pasta. Na quinta-feira 17, se despediu dos integrantes do Conselho Monetário Nacional, ao informar que não estará presente no próximo encontro, no final de janeiro. Suas declarações posteriores à imprensa também tiveram um tom de despedida. Nos últimos meses, Levy acumulou uma série de derrotas. A última foi a decisão da presidente Dilma de pedir ao Congresso aval para que a meta fiscal de 2016 seja igual a zero. Levy queria mantê-la em 0,7% do PIB. O ministro também não conseguiu emplacar o ajuste fiscal, fundamental para fazer a economia andar no ano que vem.

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Como se não bastasse a avalanche de notícias negativas, também na semana passada a agência de classificação de risco Fitch tirou o selo de bom pagador do Brasil. Foi a segunda empresa de rating a rebaixar o País ao grau especulativo (a outra foi a Standard & Poors, em setembro). Para a Fitch e a S&P, o Brasil agora é um potencial caloteiro. Com a redução da nota de crédito, os investimentos estrangeiros tendem a cair, as empresas pagarão mais caro para fazer empréstimos e o dólar pode subir, pressionando a inflação. “Nem tudo que é preciso fazer a gente tem conseguido fazer”, disse um ainda ministro Levy. “Até porque a atenção de alguns tem se desviado para questões diversas que não têm necessariamente ligação com as medidas econômicas que devemos tomar.”

Foto: Jales Valquer /Fotoarena/Folhapress