VANDERSON FERNANDES/AG. O DIAA Operação Segurança Pública S/A, deflagrada pela Polícia Federal na semana passada, mostrou que o poço do crime no Rio de Janeiro é bem mais fundo do que parece. Além de prender o deputado estadual Álvaro Lins, que chefiou a Polícia Civil de 2000 a 2006, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em duas casas (Rio e Campos) do ex-governador Anthony Garotinho (PMDB). Lins, Garotinho e outras 14 pessoas foram denunciados pelo Ministério Público Federal por crime de formação de quadrilha armada. No total, foram dez pedidos de prisão preventiva de policiais civis.

A suposta quadrilha é acusada de ter usado a estrutura da Polícia Civil para praticar lavagem de dinheiro, facilitação de contrabando e corrupção. O esquema teria sido montado por Lins para não reprimir a exploração de caça-níqueis do contraventor Rogério Andrade e lotear as delegacias em troca do pagamento de caixinha para a sua campanha eleitoral. A principal denúncia foi feita por um ex-titular da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente. “Em diversas delegacias, os denunciados faziam vista grossa para condutas ilegais em troca de altas quantias”, acusa o procurador Maurício da Rocha Ribeiro, que assina a denúncia com os colegas Cristina Romanó e Paulo Fernando Corrêa.

Lins foi preso na manhã da quintafeira 29, no apartamento onde mora, em Copacabana, que estaria em nome de uma ex-sogra, apontada como laranja do deputado. Os procuradores admitiram que na denúncia ao Tribunal Regional Federal não há prova de que Garotinho tenha se beneficiado diretamente. O ex-governador declarou que não sabia do que estava sendo acusado: “Ao contrário da maioria das pessoas, eu faço tudo para ser investigado. Quem não deve não teme.”

SEVERINO SILVA/AG. O DIA

SUSPEITOS Álvaro Lins e Garotinho (no alto)
foram denunciados pelo MP