Com o processo de impeachment o Brasil ganhou uma nova chance de rever o seu destino. A essa altura do campeonato a questão essencial é saber se o País quer seguir na atual rota temerária de desmantelamento do Estado e persistir por três arrastados anos na crise ou tomar o caminho da reconstrução. A encruzilhada está posta. O que Dilma e seu governo têm a oferecer, não pairam dúvidas, é mais do mesmo: uma incapacidade administrativa notória, a ausência de ideias sobre o que fazer ou qual estratégia adotar e a mais absoluta falta de sustentação política e econômica para empreender as reformas necessárias. Não há qualquer crédito de confiança na presidente. Ninguém a vê em condições de evitar o desastre em curso – que ela mesma criou e conduziu, diga-se de passagem! Sobre os crimes de responsabilidade, existiram de fato. A decisão é política, mas o delito está previsto na lei que regula o processo de destituição da mandatária, sem lorotas sobre golpe, com os ritos descritos na Constituição. Em cada uma das suas nuances as pedaladas fiscais serviram para esconder, à revelia da lei e deliberadamente por opção presidencial, o rombo descontrolado nas contas públicas. A gastança, os desvios em profusão, os controles artificiais de preços como combustíveis e energia elétrica com fins eleitoreiros levaram a um desequilíbrio irresponsável e criminoso que desenha a era petista como uma das mais nefastas de todos os tempos para a saúde da República. Regredimos décadas para viver, novamente, o estigma de uma nação quebrada, com inflação nas alturas, desemprego em massa e sucateamento industrial. Não há avanço social nesse contexto. Ao menos três milhões de empregos estão sendo extintos. Estatais de ouro como Petrobras e Correios ficaram à míngua. O cofre do BNDES foi usado para atender a empréstimos políticos duvidosos. Sem contar a corrupção endêmica que tomou conta da máquina. Uma catástrofe generalizada! Apadrinhados e filiados do PT, tal qual quadrilheiros, saquearam bilhões de reais enquanto os investimentos em saúde, educação e infraestrutura eram postos de lado. A desgraça nesse aspecto espreita a cada esquina. A epidemia do Zika vírus que avança sobre o País no verão e o mar de lama tóxica a destruir cidades são apenas algumas das consequências do descaso. Alega Dilma que o Brasil não pode parar para discutir sua saída, mas parado ele está, e até regrediu, nos últimos tempos por sua inapetência. A presidente só tem olhos e atenções para a salvação de seu mandato. Nada anda além disso! Não delibera medidas essenciais, não governa, nem oferece soluções. Usa de todos os recursos e artifícios para prolongar as reinações no Planalto. De maneira geral, poucas vezes um projeto de poder partidário provocou tamanho estrago, estruturado na base da mentira e aproveitamento dos anseios sociais. Líderes petistas esculhambaram com a noção de ética e moral. Feriram a hombridade e autoestima do povo brasileiro. Abusaram de argumentos diversionistas. O mentor Lula, por exemplo, insiste em dizer que “estão querendo tirar o pobre do poder”. Sua singular habilidade para distorcer fatos não consegue esconder o óbvio: petistas, cada dia mais abonados, com milhões de reais nas contas – Lula, inclusive, que arrecadou cerca de R$ 27 milhões em palestras, segundo informa o Instituto que criou, e até o “chefe da quadrilha”, José Dirceu –, estão longe do figurino de desassistidos. Não querem perder a boquinha e aparelharam o Estado com esse intuito. Para angariar simpatizantes à causa vão enganando muitos aqui e ali com promessas que não cumprem e lançando juras falsas de amor. O vice-presidente Michel Temer, que colocou o dedo na ferida ao expor em carta sua insatisfação, dignamente não se deixou levar pelas embromações. Quando ouviu de Dilma que ela não desconfiava “nem por um milímetro” dele, retrucou: “Não! A senhora não confia em mim e nem no PMDB”. Dilma decerto havia mais uma vez tentado pregar uma de suas mentiras. Como faz usualmente. Iludiu eleitores na campanha ao pintar um cenário maravilhoso que não existia. Negou aumento de juros, de impostos, de preços, tudo que viria a adotar depois. Mentiu, fez “o diabo”. Foi desonesta com a oposição e age desonestamente ao montar com auxiliares versões para situações que nunca aconteceram – como a de falar que Temer se apresentou para deter o processo de impeachment. É um mal crônico e disseminado no âmbito petista. Dilma, Lula & Cia mentem de acordo com as suas conveniências. E, por essas e outras, suas reputações seguem ladeira abaixo. Como acreditar numa mandatária com tal postura? E o que dizer de seus estafetas do Congresso a tentar evitar o andamento do processo de impeachment quebrando as máquinas de votação? A tropa do atraso está em campo para barrar na marra o desejo da maioria. E é neste momento que a voz da rua fará a diferença. Do contrário, sem ela, corre-se o risco de um mergulho profundo no retrocesso. O momento é de decisão porque os brasileiros não merecem seguir em um pesadelo indefinidamente. Com um grande pacto de novos líderes para viabilizar reformas estruturais é possível, afinal, vislumbrar alguma luz no fim do túnel.