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Em conversa com aliados do PMDB, o vice-presidente e presidente do partido, Michel Temer, justificou o teor da carta como uma gesto de demonstração de fidelidade ao governo da presidente Dilma Rousseff. Na missiva, divulgada nesta segunda-feira, 7, à noite, ele reclama da desconfiança que a petista tem em relação a ele e ao partido.

Temer tem dito a partidários que sempre trabalhou pelo apoio do partido em votações importantes no Congresso e que a carta nunca teve a intenção de ser uma declaração de rompimento com Dilma. Na manifestação, ele chegou a citar o fato de ele e o ex-ministro Eliseu Padilha, que deixou o governo na segunda-feira (7), terem atuado para aprovar o ajuste fiscal, "no momento em que o governo estava muito desprestigiado".

"Tema difícil porque dizia respeito aos trabalhadores e aos empresários. Não titubeamos. Estava em jogo o país. Quando se aprovou o ajuste, nada mais do que fazíamos tinha sequência no governo. Os acordos assumidos no Parlamento não foram cumpridos. Realizamos mais de 60 reuniões de líderes e bancadas ao longo do tempo solicitando apoio com a nossa credibilidade. Fomos obrigados a deixar aquela coordenação", disse o vice, na correspondência.

A avaliação feita por integrantes da cúpula partidária é que, a partir da divulgação da carta, "caiu o muro" que separava Temer e Dilma. A saída de Padilha do governo – um dos principais aliados do vice no partido – servirá para que a legenda faça consultas nas bancadas da Câmara e do Senado e os 27 diretórios estaduais e do Distrito Federal sobre a posição da legenda quanto ao impeachment.

Até o momento, a ação dos peemedebistas do Rio de Janeiro, como o governador Luiz Fernando Pezão e o presidente do PMDB estadual, Jorge Picciani, de questionar a atuação de Temer no episódio tem sido vista como um ponto "fora da curva". Nem mesmo representantes de diretórios com representantes que defendem o impeachment, como o da Bahia, têm sido tão efusivos em declarações públicas.

A divulgação da carta, conforme dirigentes partidários, também ajudou Temer a diminuir a pressão que vinha desde a quarta-feira da semana passada, quando o presidente da Câmara admitiu a abertura de um processo de impeachment contra Dilma. Ministros ligados à petista e a própria presidente têm defendido em declarações públicas o apoio de Temer contra o impedimento. Temer tem se incomodado com as cobranças.