por Débora Bergamasco

Representantes importantes do PSDB calculam que se a presidente Dilma Rousseff realmente for deposta e o vice, Michel Temer, assumir o posto, o ministro número um do novo governo será o senador José Serra (PSDB-SP). Acredita-se que Serra, que já foi ministro do Planejamento e da Saúde de FHC, poderia ajudar a garantir a governabilidade da nova gestão. Entretanto, é provável que ele acrescente em credibilidade, mas não se sabe se ele seria capaz de arrastar consigo o apoio de outros tucanos do Congresso.

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Perspectivas
A movimentação de Serra na direção de Temer pode causar um impasse em 2018. Caso o senador se viabilize como peça importante de um novo governo de coalizão, ele pode voltar a pleitear candidatura à Presidência na próxima disputa. Mas dificilmente teria apoio do PSDB comandado pelo senador Aécio Neves.

Dada a largada 
Muita água ainda vai rolar. Mas o ex-presidente do BC Henrique Meirelles já detectou as movimentações de Serra. Cotado para substituir Joaquim Levy na Fazenda, Meirelles também é bem quisto por Temer. E poderia acabar em bola dividida com Serra.

De olho em 2018 
O PSDB acha que “Temer sozinho não faz verão”. Por isso, o partido ainda debate posicionamento. A maioria defende uma “oposição construtiva”. Assim, não se associaria a um governo que herdará um País em frangalhos e que vai impor agenda impopular.

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Sem sintonia

A prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) escancarou a desarticulação entre o presidente do PT, Rui Falcão, e a bancada do partido do Senado. Nas duas notas que emitiu sobre o assunto, Falcão não consultou os representantes do partido na Casa.

É minha vez
A reeleição do senador José Agripino (DEM-RN) para o comando do partido deixa o sonho do senador Ronaldo Caiado (GO) cada vez mais longe. Ele anseia disputar a Presidência da República em 2018 pelo Democratas. Mas Agripino dá preferência a alianças.

Procura-se bilhões
Embora o Congresso tenha reduzido o déficit do Ministério da Saúde em R$ 7 bilhões, o ministro Marcelo Castro diz que não há previsão para que o Mais Especialidades, anunciado como prioridade por Dilma, saia do papel. “O programa está estruturado, mas não temos recursos”. Para isso, ainda faltam R$ 2,2 bilhões.

Trocando de crise
Para tentar provar que seu governo não está paralisado, até o fim desta semana estava prevista a visita de Dilma a Pernambuco para este sábado (5). Vai participar da campanha contra o zika vírus no estado mais atingido pelo surto de microcefalia.

Vou de jatinho
A Receita Federal intimou a contadora do ex-ministro da Casa Civil do governo Lula José Dirceu a prestar alguns esclarecimentos que vão ajudar a instruir o que tecnicamente é chamado de procedimento fiscal. Entre outras questões, os auditores querem saber sobre o uso do jatinho Cessna PT-XIB, que pertenceu ao lobista Júlio Camargo, entre 2010 e 2013. O Fisco perguntou se o petista arcou com todas as despesas ou se elas foram bancadas por terceiros. A defesa afirmou que ele ainda não pode se manifestar em razão do processo penal que responde na Justiça Federal do Paraná por envolvimento no petrolão.

Nova vida adiada
O Advogado Geral da União, Luis Inácio Adams, já havia combinado com a presidente Dilma que deixaria o governo em janeiro do ano que vem. Ela, inclusive, já estava à procura de nomes para substituí-lo. Mas agora o ministro terá que adiar os planos. Caberá a ele preparar a defesa da petista na comissão que discutirá o processo de impeachment presidencial.

Toma lá dá cá

Júlio Marcelo de Oliveira, procurador do Ministério Público junto ao TCU

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ISTOÉ – O senhor fez campanha contra a recondução do presidente do TCU, Aroldo Cedraz, mas ele acabou sendo reeleito. O que achou da decisão?
Oliveira –
Contrariou as expectativas. A decisão representa que o tribunal aceitou conviver com uma suspeição que implica em um déficit de credibilidade.

ISTOÉ – Mas ministros argumentam que não pesam acusações formais contra o presidente, nem contra seu vice, suspeitos de envolvimento em tráfico de influência.
Oliveira –
Não se trata de um julgamento se eles são ou não culpados. Mas de uma eleição livre, em que deveria ser escolhido o melhor nome para estar à frente da instituição.

Rápidas
* José Dirceu tem um compromisso na agenda marcado para o dia 29 de janeiro: um interrogatório conduzido pelo juiz Sérgio Moro, em Curitiba. Na ocasião, apresentará sua versão para as acusações que lhe são imputadas no caso do petrolão.

* Marco Maciel, Tasso Jereissati e Lobão Filho estiveram à frente da missão de reformar o regimento interno do Senado, que prevê voto secreto em votações como a da confirmação da prisão do senador Delcídio do Amaral. O assunto não anda.

* Os integrantes da oposição na CPI do BNDES querem mais prazo para trabalhar. Avaliam que os 15 dias adicionais autorizados pelo plenário são insuficientes. Por isso, a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) trabalha em relatório próprio.

* Cristiane cuida da sub-relatoria que apura a regularidade dos financiamentos do BNDES no exterior. Ela incluirá as suspeitas de tráfico de influência que são atribuídas a Lula. Resta saber se o relator, José Rocha (PR-BA), vai acatar.

Retrato falado
O deputado Fausto Pinato (PRB-SP), relator do caso que pede a cassação de Eduardo Cunha por quebra de decoro, tem dedicado a maior parte dos seus dias estudando o regimento da Câmara. Para ele, que é assessor parlamentar desde os 20 anos, o texto não é novidade. Mas, assim como Cunha, ele tenta usar o conjunto de regras da Casa para antecipar movimentos e não deixar brechas para que questionem suas ações ou peçam sua deposição da relatoria.

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Cunha vírus
O baque foi tão grande e as horas trabalhadas tão estendidas que o chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, capitulou. Enfrentou Eduardo Cunha no mano a mano público, com trocas de acusações pela imprensa nacional durante toda a quinta-feira 3, mas foi derrotado por uma forte gripe. Encerrou seus trabalhos mais cedo e, espirrando, foi descansar em sua casa.

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Para constar
Ele sempre foi responsabilizado por todas as trapalhadas que o governo Dilma aprontava. Às vezes com, outras sem razão. Mas agora acabou. Ninguém mais pode dizer que ex-ministro Aloizio Mercadante teve culpa direta pela admissibilidade do processo de impeachment.

Colaboraram: Marcelo Rocha e Mel Bleil Gallo
Fotos: Moreira Mariz/Agência Senado; Valter Campanato/Agência Brasil; Givaldo Barbosa/Agência O Globo