04/12/2015 - 20:00
por Débora Bergamasco
Representantes importantes do PSDB calculam que se a presidente Dilma Rousseff realmente for deposta e o vice, Michel Temer, assumir o posto, o ministro número um do novo governo será o senador José Serra (PSDB-SP). Acredita-se que Serra, que já foi ministro do Planejamento e da Saúde de FHC, poderia ajudar a garantir a governabilidade da nova gestão. Entretanto, é provável que ele acrescente em credibilidade, mas não se sabe se ele seria capaz de arrastar consigo o apoio de outros tucanos do Congresso.
Perspectivas
A movimentação de Serra na direção de Temer pode causar um impasse em 2018. Caso o senador se viabilize como peça importante de um novo governo de coalizão, ele pode voltar a pleitear candidatura à Presidência na próxima disputa. Mas dificilmente teria apoio do PSDB comandado pelo senador Aécio Neves.
Dada a largada
Muita água ainda vai rolar. Mas o ex-presidente do BC Henrique Meirelles já detectou as movimentações de Serra. Cotado para substituir Joaquim Levy na Fazenda, Meirelles também é bem quisto por Temer. E poderia acabar em bola dividida com Serra.
De olho em 2018
O PSDB acha que “Temer sozinho não faz verão”. Por isso, o partido ainda debate posicionamento. A maioria defende uma “oposição construtiva”. Assim, não se associaria a um governo que herdará um País em frangalhos e que vai impor agenda impopular.
Sem sintonia
A prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS) escancarou a desarticulação entre o presidente do PT, Rui Falcão, e a bancada do partido do Senado. Nas duas notas que emitiu sobre o assunto, Falcão não consultou os representantes do partido na Casa.
É minha vez
A reeleição do senador José Agripino (DEM-RN) para o comando do partido deixa o sonho do senador Ronaldo Caiado (GO) cada vez mais longe. Ele anseia disputar a Presidência da República em 2018 pelo Democratas. Mas Agripino dá preferência a alianças.
Procura-se bilhões
Embora o Congresso tenha reduzido o déficit do Ministério da Saúde em R$ 7 bilhões, o ministro Marcelo Castro diz que não há previsão para que o Mais Especialidades, anunciado como prioridade por Dilma, saia do papel. “O programa está estruturado, mas não temos recursos”. Para isso, ainda faltam R$ 2,2 bilhões.
Trocando de crise
Para tentar provar que seu governo não está paralisado, até o fim desta semana estava prevista a visita de Dilma a Pernambuco para este sábado (5). Vai participar da campanha contra o zika vírus no estado mais atingido pelo surto de microcefalia.
Vou de jatinho
A Receita Federal intimou a contadora do ex-ministro da Casa Civil do governo Lula José Dirceu a prestar alguns esclarecimentos que vão ajudar a instruir o que tecnicamente é chamado de procedimento fiscal. Entre outras questões, os auditores querem saber sobre o uso do jatinho Cessna PT-XIB, que pertenceu ao lobista Júlio Camargo, entre 2010 e 2013. O Fisco perguntou se o petista arcou com todas as despesas ou se elas foram bancadas por terceiros. A defesa afirmou que ele ainda não pode se manifestar em razão do processo penal que responde na Justiça Federal do Paraná por envolvimento no petrolão.
Nova vida adiada
O Advogado Geral da União, Luis Inácio Adams, já havia combinado com a presidente Dilma que deixaria o governo em janeiro do ano que vem. Ela, inclusive, já estava à procura de nomes para substituí-lo. Mas agora o ministro terá que adiar os planos. Caberá a ele preparar a defesa da petista na comissão que discutirá o processo de impeachment presidencial.
Toma lá dá cá
Júlio Marcelo de Oliveira, procurador do Ministério Público junto ao TCU
ISTOÉ – O senhor fez campanha contra a recondução do presidente do TCU, Aroldo Cedraz, mas ele acabou sendo reeleito. O que achou da decisão?
Oliveira – Contrariou as expectativas. A decisão representa que o tribunal aceitou conviver com uma suspeição que implica em um déficit de credibilidade.
ISTOÉ – Mas ministros argumentam que não pesam acusações formais contra o presidente, nem contra seu vice, suspeitos de envolvimento em tráfico de influência.
Oliveira – Não se trata de um julgamento se eles são ou não culpados. Mas de uma eleição livre, em que deveria ser escolhido o melhor nome para estar à frente da instituição.
Rápidas
* José Dirceu tem um compromisso na agenda marcado para o dia 29 de janeiro: um interrogatório conduzido pelo juiz Sérgio Moro, em Curitiba. Na ocasião, apresentará sua versão para as acusações que lhe são imputadas no caso do petrolão.
* Marco Maciel, Tasso Jereissati e Lobão Filho estiveram à frente da missão de reformar o regimento interno do Senado, que prevê voto secreto em votações como a da confirmação da prisão do senador Delcídio do Amaral. O assunto não anda.
* Os integrantes da oposição na CPI do BNDES querem mais prazo para trabalhar. Avaliam que os 15 dias adicionais autorizados pelo plenário são insuficientes. Por isso, a deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ) trabalha em relatório próprio.
* Cristiane cuida da sub-relatoria que apura a regularidade dos financiamentos do BNDES no exterior. Ela incluirá as suspeitas de tráfico de influência que são atribuídas a Lula. Resta saber se o relator, José Rocha (PR-BA), vai acatar.
Retrato falado
O deputado Fausto Pinato (PRB-SP), relator do caso que pede a cassação de Eduardo Cunha por quebra de decoro, tem dedicado a maior parte dos seus dias estudando o regimento da Câmara. Para ele, que é assessor parlamentar desde os 20 anos, o texto não é novidade. Mas, assim como Cunha, ele tenta usar o conjunto de regras da Casa para antecipar movimentos e não deixar brechas para que questionem suas ações ou peçam sua deposição da relatoria.
Cunha vírus
O baque foi tão grande e as horas trabalhadas tão estendidas que o chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, capitulou. Enfrentou Eduardo Cunha no mano a mano público, com trocas de acusações pela imprensa nacional durante toda a quinta-feira 3, mas foi derrotado por uma forte gripe. Encerrou seus trabalhos mais cedo e, espirrando, foi descansar em sua casa.
Para constar
Ele sempre foi responsabilizado por todas as trapalhadas que o governo Dilma aprontava. Às vezes com, outras sem razão. Mas agora acabou. Ninguém mais pode dizer que ex-ministro Aloizio Mercadante teve culpa direta pela admissibilidade do processo de impeachment.
Colaboraram: Marcelo Rocha e Mel Bleil Gallo
Fotos: Moreira Mariz/Agência Senado; Valter Campanato/Agência Brasil; Givaldo Barbosa/Agência O Globo