O ano era 1977 e um filme de orçamento baixo – e estourado – de um ex-estagiário da Warner Bros chegava aos cinemas, apresentado como uma fantasia espacial de inspiração científica ambiciosa e pouco verossímil. A aventura que trazia um erro no texto de abertura – as reticências de quatro pontos, que acabaram incorporadas aos outros filmes – chega no mês que vem a seu sétimo episódio com mais de US$ 50 milhões, em ingressos antecipados vendidos. Segundo a Exhibitor Relations, empresa que mede as bilheterias dos filmes americanos, a pré-venda de “Star Wars – O Despertar da Força” fez mais que o dobro dos quatro longas da série “Jogos Vorazes”, o recordista histórico. E ainda faltam três semanas para a estreia, marcada para o dia 17 de dezembro em todo o mundo.

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“Star Wars” é um fenômeno sem precedentes no cinema. Os números são todos estratosféricos – US$ 40 bilhões entre 1977 e 2013, apenas com a bilheteria e licenciamentos. A abertura mundial do sétimo episódio, segundo especialistas, deve superar US$ 540 milhões, o que seria a maior estreia de todos os tempos. A penetração também não tem equivalência em seu mercado: o Google internacional acrescentou a língua estrelar inventada por George Lucas, o Aurebesh, a seu tradutor, e as redes sociais estão sendo povoadas nas últimas semanas por emoticons das criaturas que compõem o mais incrível império de licenciamento do planeta.

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NOVATOS
Ray (Daisy Ridley), Finn (John Boyega) (abaixo) e as naves que cruzam
o deserto de Jakku, um dos principais cenários das batalhas da nova geração Jedi

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Chris Taylor, ex-repórter da “Time” e editor do site de tecnologia “Mashable”, avalia que o universo de “Guerra nas Estrelas” é enorme e teve sua expansão acelerada pelas redes sociais. O jornalista acaba de lançar no Brasil o livro “Como Star Wars Conquistou o Universo”, um catatau de 586 páginas que conta a história da saga e tenta explicar o seu alcance capilar. Segundo ele, em pouco tempo, não haverá nenhuma pessoa que não conheça o dilema edipiano de Luke Skywalker. “A vida moderna é saturada por ‘Star Wars’; as referência surgem nos lugares mais estranhos”, diz Taylor. Ele lembra que no momento em que escrevia o livro – era 2013 – só o filme original tinha recebido 268 milhões de likes no Facebook. “Talvez isso seja de se esperar. O fundador, Mark Zuckeberg, é tão nerd que seu bar mitzvah teve ‘Star Wars’ como tema. Mas quem preferir pesquisar à moda antiga, basta ligar a TV, em qualquer canal, são muitos os programas inspirados ou cheios de referências ao filme.”

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VIDA PRÓPRIA
No livro “Como Star Wars Conquistou o Universo”, o jornalista Chris Taylor
faz uma espécie de biografia da saga criada por George Lucas

Bob Iger, CEO da Disney – que comprou a LucasFilm por pouco mais de US$ 4 bilhões em 2012 – credita o sucesso dos personagens de Geoge Lucas à sua capacidade de contar boas histórias. “Seu dom para criar tramas é acompanhado de incrível habilidade para inovar tecnologicamente”, diz o executivo. A franquia, marca prioritária da Disney, deve ganhar dois parques temáticos nos próximos anos. “Fico feliz de finalmente ter entendido que, após tantos anos tentando colocar mais personagens de ‘Star Wars’ nos parques da Disney, o único jeito de conseguir isso foi fazendo Bob comprar logo a minha empresa’’, disse Lucas, que assina a direção do aguardado sétimo episódio da série interestrelar.

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