A revelação de um complexo sistema de fraude em testes antidoping da delegação russa de atletismo já é considerada o maior escândalo do mundo esportivo e coloca em cheque a credibilidade não apenas do atletismo russo, mas dos jogos olímpicos em geral. Estão sob a mira da agência internacional antidoping (WADA) outras potências das pistas, como Quênia e Etiópia. Em entrevista à ISTOÉ, o idealizador e fundador da agência internacional, Don Catlin, não se mostrou surpreso com as conclusões do inquérito. “Sabemos que outros países possuem sistemas sofisticados, mas não podemos dizer se são mais ou menos complexos do que o da Rússia. De qualquer forma, podemos esperar a facilitação na abertura de novas investigações.”

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Mariya Savinova-Farsonova, campeã olímpica nos 800 m: medalha tirada

Segundo o relatório, o governo russo fazia “intimidação direta e interferência” no laboratório de testes antidoping de Moscou, inclusive com presença ostensiva da FSB, a agência de serviços de informação e segurança. Técnicos que trabalhavam no local disseram aos investigadores que as ordens para manipular os resultados vinham “diretamente do Ministério do Esporte”. O próprio diretor, Grigory Rodchenkov, admitiu ter destruído 1417 amostras com objetivo de prejudicar as investigações. A auditoria descobriu também a existência de um segundo laboratório, controlado pelo governo, que servia para mascarar resultados. Apesar de chocantes, um capítulo permanece não publicado, aguardando a conclusão de investigações da polícia francesa sobre Lamine Diack, ex-presidente da Federação Internacional de Atletismo acusado de receber mais de um milhão de euros para encobrir testes positivos de doping. 

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