Numa semana em que houve certa trégua nas discussões sobre impeachment, até porque foi protagonizada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com sua “chuva de dólares” no salão verde, surgiu uma ideia tão simples quanto necessária, em Brasília.

Ela foi apresentada pelo novo presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, que dedicou sua vida à promoção dos pequenos negócios e do empreendedorismo. Trata-se da criação das Empresas Simples de Crédito (ESCs), que permitirão a quem tem poupança emprestar recursos diretamente aos pequenos empresários, sem passar pelos bancos.

Hoje, quem aplica no sistema financeiro recebe cerca de 1% ao mês. E quem toma recursos, na melhor das hipóteses, não paga menos do 5% – ou seja, existe, no meio do caminho, um ponto de convergência favorável a quem investe seu capital e a quem produz na economia real.
Para defender sua tese, Afif levantou dados alarmantes. Neste ano, apenas 17% das microempresas e 24% das empresas de pequeno porte tomaram algum tipo de financiamento. O motivo, claro, é a altíssima taxa de juros – uma jabuticaba nacional que, há anos, custa caro ao Tesouro e promove mais e mais concentração de renda.

Além disso, a grande maioria dos novos empresários nem chega a utilizar contas bancárias de pessoas jurídicas – operam na física, gerando problemas contábeis e fiscais. Afif tem bons argumentos para quem vê seu projeto como “legalização da agiotagem”. De um lado, as ESCs não poderão captar – o que elimina riscos para a economia popular. De outro, agiotagem mesmo são as taxas atuais, chanceladas pelo Banco Central. O projeto das ESCs já passou pela Câmara e merece passar também pelo Senado.