por Débora Bergamasco

O profissional que entregou a Luis Cláudio Lula da Silva a intimação às 23h de terça-feira, 27 de outubro, para que o rapaz prestasse depoimento à Polícia Federal agiu de maneira cordial e recebeu o mesmo tratamento do filho do ex-presidente Lula, segundo relatos de agentes federais. Ao interfonar, o agente se desculpou pelo horário e perguntou se o rapaz se importaria em receber a intimação tão tarde. Luis Cláudio disse que não tinha problema. Desceu, assinou um papel, agradeceu e voltou para casa.

BRASIL-01-IE.jpg

Cavalheiros 2
O oficial designado para a missão é considerado um dos mais preparados da repartição. Ele recebeu o documento para ser entregue a Luis Cláudio por volta das 15h de terça. Ao chegar no endereço, às 18h30, o empresário já havia saído para a cidade de São Bernardo do Campo, para a festa de comemoração de 70 anos de seu pai.

Cavalheiros 3 
O agente resolveu esperar Luis Cláudio, pois o depoimento estava marcado para acontecer dois dias depois e ele teria pouco tempo para se preparar: quanto antes recebesse, melhor seria. A descrição deve constar na resposta que a PF enviará ao MJ.

Cavalheiros 4 
O horário da intimação levou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a pedir explicações ao chefe da PF por considerá-lo “em tese, fora do procedimento usual”. Cardozo é acusado de fazer vistas grossas a eventuais abusos de investigadores.

Charge_Tartaruga_Etica.jpg

Ô, de casa! 
Datada de 23 de outubro, a portaria da PF, que incluiu a intimação de Luís Cláudio, apresentou como destino para a notificação o endereço onde mora a família de Lula em São Bernardo do Campo, na avenida Prestes Maia. O jovem vive na capital paulista.

Pegou mal 
Causou estranhamento na Polícia Federal a atitude do advogado de defesa do Luis Cláudio, Cristiano Zanin, de politizar uma ação de entrega de intimação, que é considerada corriqueira e onde o agente da PF agiu em consonância com o intimado.

Mais fogo amigo 
A reunião da executiva do PT concluiu que o presidente da legenda, Rui Falcão, acertou em atacar o chefe da Fazenda, Joaquim Levy, e pedir mudanças na política econômica. Avaliam que demarcou limites em relação ao governo Dilma, além de dar uma resposta interna. Ou seja: a pancadaria continua.

Dar e receber 
Depois do adiamento da votação sobre a repatriação de recursos no exterior, Dilma está preocupada com a reação do mercado. Teme que o mundo exterior perceba o que os governistas já se deram conta: o loteamento do governo entre aliados não surtiu efeito.

Dinheiro represado 
Nota técnica da Receita Federal apontou que, até o mês de agosto, o Fisco tinha a receber R$ 1,5 trilhão. A soma é referente a saldos que estão parcelados, atrasados ou com a exigibilidade suspensa por processos judiciais. A parcela mais significativa, R$ 908 bilhões, refere-se a processos administrativos instaurados por motivos que vão da revisão de lançamentos a reclamações de contribuintes sobre o cálculo do imposto devido. O deputado Betinho Gomes (PSDB-PE) foi procurado por auditores fiscais e ouviu que o impacto das pendências seria menor não fosse o sucateado quadro de servidores da Receita.

Corrida com obstáculos 
Técnicos da CNI estão mapeando barreiras protecionistas a produtos brasileiros. Para entrar no Japão, o nosso suco de laranja paga entre 24% e 25,5%, o maior imposto entre os estrangeiros. Os EUA limitam a quantidade do nosso leite condensado que entra no país. Nossos equipamentos hospitalares passam por caras adaptações para entrar no mercado chinês.

Toma lá dá cá

CÉSAR HALUM (PRB-TO), DEPUTADO FEDERAL

BRASIL-02-IE.jpg

ISTOÉ – O Banco do Brasil deve para o Estado do Tocantins?
Halum –
Deve R$ 245 milhões, referentes ao repasse da última parcela de um empréstimo para obras no Estado. Foram feitas e o prazo para o repasse venceu em 31 de dezembro de 2014. Cadê o dinheiro? Estão embromando.

ISTOÉ – Mas o Estado está em dia com as documentações?
Halum –
Está. Se eu fosse o governador já tinha tirado a folha de pagamento de R$ 250 milhões por mês desse banco. Que nem é um banco, é um tamborete.

ISTOÉ – A ministra Katia Abreu, que é do Estado, não ajuda?
Halum –
Não porque rompeu com o governador. E dizem que ela é conselheira da Dilma, né? Vixe, mas então está dando conselho ruim demais da conta.

Rápidas

*Parlamentares querem propor já na primeira reunião da Comissão Especial da Câmara que tratará da regulação de jogos de azar contratar a FVG. Querem pesquisas sobre os impactos econômicos que atividade geraria caso fosse tributada.

*O assassinato de dois jovens por um policial que confundiu uma ferramenta com uma arma no Rio está reascendendo a discussão sobre os autos de resistência. Hoje, agentes podem matar justificando que o suspeito resistiu aos comandos.

*Parlamentares próximos ao deputado José Carlos Araújo (PSD-BA) adoram fazer molecagem com o presidente do Conselho de Ética. Ele anda sempre com uma pasta que é trancada por meio de um segredo. Sem Araújo perceber, trocam a senha.

*Descobriu-se o grande feito do ministro do Esporte, George Hilton (PRB): ele mantém no cargo de coordenação de futebol feminino ninguém menos que Michael Jackson. Que é mulher, começou no futsal e jogou na seleção brasileira.

Retrato falado
Governistas e oposição interpretam a ida de Ciro Gomes para o PDT como estratégia de pavimentar uma alternativa de centro-esquerda para concorrer à Presidência caso o PT esteja esfacelado. Mas se, ao contrário, ainda tiver força e Lula como candidato, apostam que Gomes tentará se colocar como vice do petista. Enquanto isso, ele bate e afaga Dilma e Lula ao mesmo tempo. Líder do PDT na Câmara, Afonso Motta diz que Ciro ainda não é presidenciável.

BRASIL-03-IE.jpg

Quem ri por último 
O lobista Alexandre Paes dos Santos, encrencado na Zelotes, é um franco atirador de piadas contra Dilma. Material apreendido na operação mostra que APS adorava repassar para frente as mensagens eletrônicas que recebia com chacotas em relação à presidente. Algumas piadas bem grosseiras, daquelas de fazer corar até os investigadores encarregados do caso.

BRASIL-04-IE.jpg

Faltarão cidades 
O PMDB vai adotar como estratégia para as eleições municipais do ano que vem concentrar esforços para conquistar o maior número de prefeituras nas capitais brasileiras. Hoje, tem apenas duas: Rio e Boa Vista. Também vai mirar nas cidades com mais de 200 mil eleitores.

Colaborou: Marcelo Rocha
Fotos: jUCA VARELLA/ESTADãO CONTEUDO/AE; Geraldo Magela/Agência Senado, Adriano Machado/Ag. IstoÉ, Charge: Léo Bussadori