O número 725 da Quinta Avenida, a Trump Tower, é um dos mais cobiçados de Manhattan, em Nova York (EUA). Ao lado de grifes como a joalheria Tiffany & Co e a apenas duas quadras do Central Park, para onde tem vista panorâmica, é um endereço para ricos morarem e fazerem compras ou negócios. Jamais para ficarem trancafiados e monitorados pela justiça. Mas José Maria Marin, 83 anos, o ex-presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e ex-governador de São Paulo, inaugurou uma nova função para a famosa torre: o cárcere. É em seu apartamento, no 41º andar, que o cartola cumpre prisão domiciliar, acusado de receber propinas oriundas de negociações de transmissão televisiva da Copa América nas edições de 2015, 2016, 2019 e 2023, e também das edições da Copa do Brasil de 2013 até 2022.

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EXTRADIÇÃO
Acima, a Trump Tower, na Quinta Avenida, distante apenas duas
quadras do Central Park. Abaixo José Maria Mari, na terça-feira 3

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Marin vai desfilar sua tornozeleira eletrônica somente pelos 100 metros quadrados do imóvel de quarto e sala, cujas janelas vão do piso ao teto. A propriedade foi adquirida em 1989 por US$ 900 mil e atualmente está avaliada em US$ 2,6 milhões, mas não consta da lista de bens declarados à Justiça Federal quando ele se candidatou a senador, em 2002. Para ficar em seu próprio endereço até o dia da audiência, em 16 de dezembro, o dirigente desembolsou US$ 1 milhão, além de oferecer mais US$ 15 milhões em imóveis como fiança. No total, cerca de R$ 60 milhões. Com uma câmera na única porta do imóvel, o ex-todo poderoso não poderá passear pelas 40 butiques, jantar nos três restaurantes, apreciar o lobby de mármore rosa ou a cascata de 18 metros de altura no átrio. Marin só poderá sair com autorização especial para ir à igreja, a consultas médicas ou reuniões com advogados. Ele foi detido com outros seis cartolas às vésperas do congresso da FIFA, em 27 de maio, em Zurique (SUI), onde ficou preso desde então. Foi extraditado para os Estados Unidos na terça-feira 3.

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Foto: REUTERS/Brendan McDermid