Leilões de bens costumam despertar a atenção e a cobiça do público. Quando o patrimônio leiloado pertence a personagens famosos – mesmo que estes sejam protagonistas de rumorosos casos de corrupção – o certame atrai ainda mais os holofotes. Segundo o leiloeiro Afonso Marangoni, nestes casos, a aquisição confere status ao comprador. “A gente que trabalha com isso sente que a pessoa quer adquirir o bem pra dizer que foi de tal pessoa”, diz Marangoni. O grande número de interessados em participar do leilão das propriedades do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, envolvidos no Petrolão, corrobora a tese.

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FRUTO DA CORRUPÇÃO
Patrimônio de Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa,
envolvidos no Petrolão, vai a leilão no dia 13

Até a última semana, o site criado para quem quisesse arrematar as posses dos inetegrantes do esquema da Petrobras já havia recebido mais de 20 mil visitas. No total, os bens são avaliados em R$ 8 milhões. O mais procurado foi a lancha intermarine, estimada em R$ 3 milhões, de Paulo Roberto Costa. Já são mais de oito mil interessados, entre visitantes ao site e pessoas que foram ver a embarcação in loco. Os que se dirigiram ao local, a Marina do Condomínio Portobello Resort e Safári, em Mangaratiba (RJ), se depararam com uma vistosa Costa Azul, ano 2013, com 13,70 metros de comprimento, dois motores de centro com Eixo Volvo Penta. A lancha encontra-se registrada em nome da empresa Sunset Global Investimentos e Participações Ltda, da qual Paulo Roberto foi sócio.

De propriedade do doleiro Alberto Yousseff, serão leiloados 37,23% do prédio Connect Smart Hotel, antigo Web Hotel Salvador, em Salvador (BA), seis apartamentos tipo flat no Hotel Blue Tree Premium, em Londrina (PR) e um terreno no Condomínio Villagio de Engenho, em Cambé (PR), de 1.266,62 m², avaliado em R$ 180 mil. O terreno era o segundo mais procurado até a última semana (confira o ranking no quadro ao lado). Só no site, ele já ultrapassou as 2 mil visitações. A sociedade e os apartamentos estão registrados em nome da empresa de fachada de Youssef, a GFD Investimentos. Ao total, os bens valem R$ 5 milhões.

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Até o momento, os bens ainda não receberam lances, mas, de acordo com o leiloeiro oficial, esse é um procedimento comum, já que os compradores costumam deixar para apresentar suas propostas no último momento. A primeira etapa do leilão está marcada para a próxima sexta-feira, dia 13, e o valor mínimo da venda será o da avaliação judicial. No segundo dia, marcado para a segunda-feira 23, o valor mínimo será o correspondente a 80% do que fora avaliado inicialmente. A decisão de leiloar os bens partiu do juiz federal Sérgio Moro, da Justiça Federal do Paraná. Todo o valor arrecadado será depositado em uma conta judicial vinculada ao processo da Lava Jato e, apenas no término da investigação, ficará determinado o destino final desses recursos.

Em 2008, um fenômeno parecido aconteceu com o leilão beneficente de bens do megatraficante Juan Carlos Abadía, acusado de matar 300 pessoas na Colômbia e 12 nos Estados Unidos. Na época, o economista Paulo Mello comprou uma bicicleta por R$ 7,9 mil e comemorou. “Vou contar para os meus amigos”. No total, R$ 1,1 milhão foi arrecadado com as vendas. “Houve brigas pelo relógio e até cuecas do traficante”, conta o leiloeiro Marangoni, ansioso para bater o martelo durante o leilão que selará o destino dos bens dos personagens envolvidos no Petrolão.

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*Dados atualizados na quinta-feira 5