O Brasil tem avançado na fronteira da biotecnologia para os tratamentos de saúde. Os grupos farmacêuticos internacionais estão fazendo no País importantes investimentos em expansão, ao contrário da desmobilização de ativos que têm ocorrido em outros mercados. Em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, a Roche aportou R$ 300 milhões numa ampliação da unidade para ser a plataforma de exportação global de alguns remédios, como o popular Bactrim (usado contra infecções causadas por germes). Para se ter uma ideia da importância, esse parque industrial é um dos mais avançados da companhia no mundo e considerado modelo internacional. “A previsão é elevar as vendas da unidade para o exterior em 20% em dois anos”, afirma Rolf Hoenger, presidente da Roche Farma Brasil.

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Precisão: como em outras fábricas da Roche, a unidade brasileira
recebeu os mais avançados equipamentos

De Jacarepaguá, saem 25% dos comprimidos produzidos para países da América Latina. Os principais destinos são Argentina, Venezuela e Equador. No último levantamento divulgado, o volume de exportações da fábrica foi de aproximadamente US$ 82,2 milhões. O mercado brasileiro é atrativo pelo seu gigantismo físico e inúmeras possibilidades. “O Brasil figura como uma das maiores economias do mundo, com população expressiva na casa dos 200 milhões”, diz Hoenger. “Isso já o torna um foco de atenção para qualquer segmento, inclusive o farmacêutico, pela oportunidade de ampliar o acesso a cuidados de saúde a um grande número de pessoas.”

A empresa suíça de 110 anos atua nos segmentos farmacêutico e diagnóstico e está entre as primeiras em pesquisas ligadas à biotecnologia, principalmente as direcionadas para as áreas de oncologia, virologia e inflamação. A Roche é líder mundial em diagnóstico in vitro e tecidual de câncer, e pioneira no tratamento do diabetes. O Brasil detém 240 centros de pesquisa do grupo que, nos últimos três anos, receberam investimentos de quase R$ 370 milhões. “Trabalhamos junto às autoridades locais para que a população brasileira tenha acesso aos medicamentos inovadores desenvolvidos pela companhia nas áreas de oncologia, neurologia e imunologia”, afirma o presidente.

Alguns marcos inovadores da empresa são os medicamentos biológicos e os produtos de alta tecnologia com mecanismos de ação inteligente, que podem fazer a diferença entre a vida e a morte. Hoenger exemplifica: “É o caso de Herceptin, de Perjeta e Kadcyla, indicados para o tratamento do câncer de mama do tipo HER2 positivo – uma das formas mais agressivas da doença e que afeta cerca de 25% das pacientes”. Sobre as novidades, o executivo diz que o futuro é muito promissor, com mais de 110 moléculas complexas em desenvolvimento. O destaque está nos campos da oncologia e da hematologia (áreas em que a Roche é líder e também pioneira no desenvolvimento de terapias-alvo). “Em neurociências, estamos pesquisando drogas contra Alzheimer, esclerose múltipla e outras patologias”, afirma Hoenger.

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A medicina personalizada é o carro-chefe do futuro. O câncer é um dos focos principais da empresa, e uma das importantes inovações em curso se refere a imuno-oncologia. “É o core business, e dois terços do nosso investimento global em pesquisa e desenvolvimento vão para soluções que combinam o diagnóstico com a terapia”, diz o presidente. “Avaliamos novas drogas que recrutam o próprio sistema imunológico do paciente para combater os tumores.” Atualmente, 24 medicamentos desenvolvidos pela empresa estão inseridos na lista de Essenciais da Organização Mundial da Saúde (OMS), entre eles antibióticos, antimaláricos e quimioterápicos.

O atual momento econômico do País é analisado como “um contexto desafiador”, mas que não acarreta crise para a empresa – que, até o momento, não fez nenhuma demissão. Hoenger diz que leva em consideração “que o aumento do desemprego tende a afetar o consumo do mercado privado de saúde, principalmente na adesão aos planos”, mas que a “expectativa é de manter o crescimento no Brasil em linha com o aumento esperado do setor farmacêutico”. A unidade fabril do Rio de Janeiro fez por merecer o ótimo aporte financeiro para se modernizar e se capacitar como centro de excelência. “A operação brasileira da Roche é a que mais cresce entre os emergentes”, diz ele. “Esse investimento reforça o nosso compromisso com o continente e está totalmente alinhado à nossa estratégia de crescimento.” 


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