A novela em que se transformou a posse do senador Hugo Napoleão (PFL) como novo governador do Piauí, em substituição a Francisco de Assis de Moraes Souza, o Mão Santa, cassado no dia 6 deste mês pelo Tribunal Superior Eleitoral, deve acabar nesta segunda-feira 19. Na quarta-feira 14, o presidente do TRE do Piauí, Antônio Gonçalves, encaminhou ofício ao juiz Roberto Veloso afirmando que, de acordo com a sentença do TSE, não existe outra saída jurídica que não seja a diplomação e posse de Napoleão. No dia 9, o juiz deu uma liminar suspendendo a posse até que o TRE fizesse a recontagem, depois da anulação dos votos dados a Mão Santa e seu vice, Osmar Júnior (PCdoB). Segundo o desembargador, o artigo 30, parágrafo 16 do Código Eleitoral, diz que compete aos TREs cumprir e fazer cumprir as decisões e instruções do TSE e que a execução de qualquer acórdão será feita imediatamente através de comunicação por ofício ou, “em casos especiais, a critério do presidente do tribunal, através de cópia do acórdão”.

Mas, enquanto a decisão não é cumprida, o Piauí continua sendo comandado na prática por Mão Santa. O governador interino, Kleber Eulálio (PSDB-PI), presidente da Assembléia, manteve no cargo todo o secretariado de Mão Santa, incluindo Paulo de Tarso Moraes Souza (irmão) e Adalgisa Moraes Souza (mulher). “Cada dia que passa, sem que se restabeleça a ordem na administração do Piauí, é crítico para o futuro do Estado”, afirma Napoleão. A maior preocupação do staff do senador é com o desvio de dinheiro público até a posse. Denúncias sobre uma verdadeira festa com o dinheiro público se acumulam. No dia 7, com Mão Santa já cassado, o líder de seu governo na Assembléia, Carlos Augusto (PMDB-PI), descontou um cheque de R$ 30,5 mil no Banco do Estado do Piauí para pagamento de “despesas médicas”. A papelada que justifica a operação começa com um ofício de Kleber Eulálio para o secretário da Fazenda, pedindo a liberação da verba. O cheque é de 26 de outubro, mas, curiosamente, o deputado só foi sacar o dinheiro 12 dias depois. Assessores de Napoleão garantem que operações semelhantes estão em andamento. Mão Santa, por sua vez, segue se comportando como se ainda fosse governador. Sua agenda incluiu várias inaugurações, ao lado do governador em exercício. “As obras são minhas, mas mandei colocar nas placas o nome do Kleber”, ironizou. Mas, de acordo com o TRE, a festa vai acabar.