por Débora Bergamasco

Uma pesquisa de opinião encomendada por petistas sobre a avaliação do governo Dilma Rousseff comprova o que Lula sempre diz: a falta de dinheiro incomoda mais que a corrupção. Segundo o levantamento, a maior parte dos entrevistados em todo Brasil aponta a crise econômica como principal motivo de desaprovação da atual gestão. Já a corrupção aparece em segundo lugar, cinco pontos atrás. A apuração foi realizada dias após o anúncio da reforma administrativa, dia 5 de outubro, para analisar seus impactos.

CONF-ABRE-IE.jpg

Efeito moral
As iniciativas de enxugar ministérios e cortar gastos da máquina pública surtiram maior aprovação na região Sul do país, considerada, ao lado do Sudeste, a mais politizada. As entrevistas mostraram o aumento da avaliação de “ótimo e bom” de 10 para 15 pontos, entre agosto e outubro. Já na região Nordeste, a queda continua incessante: de 17 para 13 pontos.

Desconto à vista
A pesquisa qualitativa contratada por petistas demonstra que a proposta da reforma administrativa que mais agradou a população foi o corte de 10% no salário da presidente Dilma, do vice, Michel Temer, e dos ministros. O resultado surpreendeu.

Falta fazer
A Comissão Permanente de Reforma do Estado, criada dia 5 para realizar os cortes, até agora não realizou nenhuma reunião conjunta. A comissão é composta por representantes do Planejamento, Fazenda, Controladoria Geral da União, Casa Civil e outros órgãos.

Charge_Luiz-Sergio.jpg

Mais pedidos
Um empreiteiro que fez delação junto à Força Tarefa fez a lista dos nomes mais visados pelos procuradores do Paraná durante interrogatórios: Lula, filhos de Lula, José Carlos Bumlai, Antonio Palocci, Paulo Okamatto, Erenice Guerra e Valter Cardeal.

Mais pedidos 2
Entre os políticos que têm foro privilegiado, os nomes “mais pedidos” pelos procuradores da Procuradoria Geral da República durante os interrogatórios da investigação da Lava Jato são: Fernando Pimentel, Luiz Fernando Pezão, Edison Lobão e Romero Jucá.

Contra impeachment
A Advocacia Geral da União prepara defesa de Dilma sobre reprovação das contas para apresentar ao Senado. Além de repetir os conhecidos argumentos, a defesa vai reforçar a tese de que a União é credora líquida do BNDES com saldo bilionário. Esse assunto teria passado “batido” no julgamento do TCU.

Saúde financeira
A empreiteira Camargo Correa, implicada na Operação Lava Jato, está negociando com o Bradesco a rolagem de R$ 2 bilhões em títulos que venceriam até o final do ano. A empresa está oferecendo sua parte na CPFL e na CCR como garantias ao banco.

Por todos os lados
A Receita Federal está analisando informações relativas a LFT Marketing Esportivo, empresa de Luís Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula. A LFT recebeu R$ 2,4 milhões de lobistas. Luís Cláudio alega que o dinheiro foi transferido por serviços devidamente prestados. O fisco está averiguando todas as pessoas e empresas citadas na Operação Zelotes, que desmantelou quadrilha acusada de negociar sentenças no Carf, o tribunal de recursos contra multas tributárias. O trabalho inclui quem apareceu nas transações financeiras dos escritórios apontados como responsáveis pelo lobby no conselho.

Todos os lados 2
Sobre a Lava Jato, os trabalhos dos auditores seguem a pleno vapor. Existem 242 investigações contra pessoas e empresas, incluindo as autoridades que respondem a inquéritos no STF. A Receita Federal estima restituir, a longo prazo, cerca de R$ 10 bilhões aos cofres públicos com a aplicação de multas, recolhimentos de impostos devidos e juros

Toma lá dá cá

Cássio Cunha Lima, líder do PSDB no Senado

CONF-01A-IE.jpg

ISTOÉ – A decisão sobre impeachment fica para o ano que vem?
Lima –
Assim que o pedido aparecer, vamos votar para aprovar. Mas a melhor solução é convocar novas eleições, com a impugnação da chapa.

ISTOÉ – O sr. diz isso em causa própria do seu partido, pois assim o vice Michel Temer não assumiria?
Lima –
Não, novas eleições dariam legitimidade ao processo. Se ficar para o ano que vem, pode-se aproveitar toda a estrutura da eleição municipal e inseminar a escolha pelo voto a presidente sem gastos. Nesse calendário, daria tempo de o TSE julgar ação eleitoral contra Dilma e de haver um novo presidente da Câmara com condições de conduzir o Brasil por 90 dias.

Rápidas

* Avalia-se que a presidente só aceitou ceder a reivindicações da categoria de advogados públicos depois que o ministro da AGU, Luis Inácio Adams, deu a cara a tapa na defesa das contas da petista junto ao TCU. Ele mandou a conta e ela pagou.

* Agora, Dilma autorizou que os advogados públicos façam “bicos” advocatícios fora do horário do expediente, desde que não seja contra a União. Também receberão honorários de sucumbência, dinheiro que ia direto para o Tesouro.

* Mas o vento favorável pode mudar. Ainda tem fogo amigo dentro do governo defendendo a saída de Adams por conta do placar de 8×0 no TCU. E o clima pode piorar com o corte de 25 % dos cargos comissionados na pasta. De 611 passará para 463.

* A liderança do governo na Câmara passou a semana com vista “privilegiada”. De dentro da sala que reúne governistas tinha-se a visão, pela janela, de um boneco mini-pixuleco. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) considerou bullying.

Retrato falado
A Controladoria Geral da União prepara um guia para instituir programas de compliance em órgãos como ministérios, secretarias e autarquias. Na prática, significa criar condições e protocolos para quando, por exemplo, um funcionário tiver uma prova ou suspeita de corrupção onde trabalha saiba para quem denunciar com segurança e sem retaliações. O ministro da CGU, Valdir Simão, diz que vai adotar o programa de integridade assim que finalizar o manual.

CONF-03-IE.jpg

Boa pergunta
A bancada evangélica da Câmara dos Deputados vai ganhar reforço de peso. O suplente Marcondes Gadelha (PSC-PB) assumirá o mandato no lugar de Pedro Cunha Lima (PSDB-PB). O atual deputado, de 27 anos, vai se licenciar para retomar o mestrado na Universidade de Coimbra, de Portugal, em direito constitucional. O nome de sua tese é “Em que(m) confiar?”.

CONF-01-IE.jpg

Abrindo a torneira
A criação de mais uma comissão permanente no Senado, a de Transparência, já dá o que falar. Não só por ter sido aprovada em votação de sessão esvaziada, nem pela guerra por sua presidência. Servidores reclamam que vai gerar gastos não condizentes com o momento de contenção.

Colaborou: Marcelo Rocha
Fotos: Eraldo Peres/ AP Photo; Adriano Machado; Jefferson Rudy